Somente em junho e julho, a média foi de 3.323 pacientes por mês, sendo que 75% foram de casos não respiratórios
Mesmo diante dos desafios inéditos exigidos das instituições de saúde desde o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago (HU-UFSC) não parou. Foi criada uma nova estrutura para atender e tratar os pacientes com a nova patologia, ao mesmo tempo que foram mantidas as demais atividades nas emergências adulto, pediátrica e ginecológica, nas consultas, nos transplantes, nos partos, nos exames, nas cirurgias e nas demais atividades assistenciais, em especial no atendimento de pacientes com câncer e outros que não podem adiar o tratamento.
Para se ter uma ideia, a média de atendimento nas emergências no ano passado foi de 1.326 pacientes por mês (janeiro a julho), e neste ano, somente em junho e julho, a média foi de 3.323 pacientes por mês, sendo que 75% foram de casos não respiratórios. Nos ambulatórios, a média foi de 4.073 pacientes por mês, mantendo um percentual de 50% do atendimento às consultas agendadas, considerando os dados de junho e julho. Se comparado com o total do ano passado, foram 9.036 consultas mensais em 2019 contra 5.268 em 2020, ou seja, o hospital garantiu 58% do total das consultas agendadas mesmo com a pandemia, apesar de inicialmente as autoridades de saúde terem suspendido os atendimentos e, a partir de maio, terem fixado em 50% os atendimentos ambulatoriais. Além disso, desde 17 de março, o hospital realizou aproximadamente 15 mil consultas, 215 mil exames, 1.200 partos, oito transplantes de fígado e quase 1.400 cirurgias. No geral, a taxa de ocupação do hospital manteve-se em torno de 80%.
Esses números mostram que toda a estrutura da instituição estava funcionando enquanto se travava a batalha contra o coronavírus, o que significou ampliar a estrutura interna para atender os pacientes com SARS-Cov-2, abrir uma nova porta de entrada para pacientes com sintomas respiratórios, disponibilizar 18 leitos de UTI e 63 leitos de enfermaria e emergência para pacientes com Covid-19.
A gerente de Atenção à Saúde do HU, Francine Lima de Gelbke, explicou que para montar esta estrutura, as equipes se depararam com desafios como a falta de medicamentos e equipamentos de proteção no mercado, a necessidade emergencial de contratação de pessoal, os riscos inéditos de transmissão do vírus (necessitando criar situações de proteção para trabalhadores, pacientes, visitantes e acompanhantes) e as dificuldades de lidar com uma nova patologia.
“Para todos esses desafios, foram apresentadas propostas e soluções, com organização e planejamento. Contamos com a articulação das equipes assistenciais com as equipes de compras que garantiram a oferta de equipamentos e medicamentos em tempo hábil; com a infraestrutura, que organizou os fluxos dentro e fora do hospital; com as equipes que montaram o plano de contingência, em especial o setor de vigilância em saúde e segurança do paciente, com a divisão de gestão de pessoas, que conseguiu organizar a contratação de centenas de profissionais em caráter emergencial, com as equipes que estão garantindo o treinamento de pessoal, com os cursos de capacitação e com as orientações necessárias para manter o hospital funcionando e atender os pacientes com Covid, além do envolvimento dos trabalhadores das áreas assistenciais”, acrescentou Francine.
A gerente explica que enfrentar esses desafios só está sendo possível com o engajamento dos trabalhadores do HU. “Mesmo diante destas adversidades, o HU vem mantendo a qualidade da assistência e a segurança dos pacientes e de seus profissionais”, afirmou, lembrando que o envolvimento da equipe multidisciplinar foi fundamental para chegar a esse equilíbrio.
“Isso só é possível por conta do engajamento de toda a equipe multidisciplinar: médicos (clínicos e cirúrgicos das diversas especialidades), enfermeiros e técnicos de enfermagem, nutricionistas, fonoaudiólogas, farmacêuticos, assim como o apoio essencial das equipes de laboratório, radiologia, farmácia, psicologia, assistência social, e as diversas equipes de apoio dos empregados terceirizados e de expressiva parcela dos residentes tanto da Residência Médica como da Multiprofissional, que foram muito importantes na manutenção dos serviços essenciais e no atendimento aos pacientes Covid, tanto na emergência, na UTI, como nas enfermarias”, detalhou.