Papel da pesquisa científica brasileira de instituições federais foi evidenciado durante a pandemia do novo coronavírus
Diminuiu em 73%, nos últimos 10 anos, a verba repassada para universidades e institutos federais investirem em infraestrutura: comprarem equipamentos para laboratórios, trocarem computadores e reformarem salas de aula e bibliotecas. Um levantamento do G1 aponta que a quantia em 2010 era de R$ 2,78 bilhões – e caiu para bem menos da metade em 2019 (R$ 760 milhões). Os valores foram corrigidos pela inflação.
Com cada vez menos dinheiro para fazer investimentos, as universidades têm obras inacabadas, laboratórios defasados e dificuldades para ampliar a oferta de vagas. As pesquisas científicas também sentem o baque: faltam condições para conduzir estudos de relevância para o país.
Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 2010 o repasse de verbas para investimento foi de R$ 50,8 milhões. Já em 2019, os valores despencaram para R$ 5 milhões. Se em 2021, a proposta de cortes do governo for concretizada, a verba pode chegar a R$ 3,1 milhões. “Quando se faz um corte dessa magnitude no orçamento, infelizmente, eu não vislumbro qualquer novo investimento para o ano que vem”, disse à Apufsc o secretário de Planejamento, Fernando Richartz.
Na Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro, por exemplo, os prédios dos cursos de química e de farmácia não foram concluídos. “São áreas que não só formariam profissionais como também produziriam medicamentos inovadores”, diz Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reitor da instituição.
O impacto também é sentido na Universidade Federal de Goiás (UFG). Nelson Amaral, professor do programa de pós-graduação em educação na instituição, conta que a expansão da universidade para o interior do Estado exige investimentos. “Temos quatro campi que precisam de laboratório e de sala de aula”, diz.
Prejuízos escancarados na pandemia
A importância dos investimentos em instituições federais ficou mais evidente durante a pandemia do novo coronavírus. A urgência de desenvolver novos medicamentos e de criar uma vacina mostra como o incentivo à ciência é essencial, dizem especialistas.
Pró-reitor de planejamento, orçamento e finanças da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fernando Marinho Mezzadri diz que “pesquisa requer infraestrutura, recurso”.
“No setor de ciências biológicas, precisamos de novos equipamentos; no departamento de bioquímica, necessitamos de instalações para ressonância magnética. Nossos laboratórios ficaram um bom tempo sem conclusão.”
Denise Imbroisi, decana de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional da Universidade de Brasília (UnB), reforça a importância das instituições federais na pandemia. “Elas tiveram uma atuação exemplar, mas as respostas só são possíveis quando há investimento no ensino e na pesquisa”, diz.
A urgência de ter uma verba maior também é destacada por Edward Madureira, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). “Precisamos trocar lupas, computadores, microscópios. Nós acompanhamos agora, na pandemia, a demanda pelos estudos nas universidades. Mas, com esse orçamento, a atividade fica inviável”, diz.
Leia na íntegra: G1