Número grande de partículas afeta gravidade da doença
Pesquisadores já sabem há algum tempo que o uso de máscaras pode impedir que pessoas espalhem germes, como vírus, pelas vias aéreas. E foi esse tipo de conhecimento que conduziu grande parte das discussões sobre os acessórios cruciais para combater a pandemia do coronavírus. Mas agora, à medida que os casos continuam aumentando em alguns países, especialistas apontam para uma série de evidências sugerindo que as máscaras também protegem as pessoas que as usam, diminuindo a gravidade dos sintomas ou, em alguns casos, impedindo completamente a infecção.
Diferentes tipos de máscaras “bloqueiam o vírus em um grau diferente, mas todos impedem a entrada do vírus”, disse Monica Gandhi, médica de doenças infecciosas da Universidade da Califórnia, em São Francisco. “Se alguma partícula de vírus romper essas barreiras, a doença ainda pode ser mais branda”, disse ela.
Gandhi e seus colegas defendem esse argumento em um novo artigo que será publicado no Journal of General Internal Medicine. Partindo de experimentos com animais e observações de vários eventos durante a pandemia, eles afirmam que as pessoas que usam coberturas faciais absorvem menos partículas de coronavírus, facilitando o sistema imunológico a se proteger.
Tsion Firew, médico de emergência da Universidade de Columbia que não estava envolvido no trabalho, alertou que os vínculos entre o uso de máscaras e o desenvolvimento de versões mais leves de doenças ainda não foram provados como causa e efeito. Mesmo assim, o novo artigo “reitera o que dizemos sobre máscaras”, disse. “Não é apenas um ato altruísta.”
Ideias sobre a importância da dose viral no desenvolvimento de doenças surgiram na literatura médica desde pelo menos a década de 1930, quando dois pesquisadores notaram formalmente que os ratos expostos a quantidades maiores de germes tinham maior probabilidade de morrer. Mais recentemente, os cientistas chegaram a analisar diferentes quantidades de um vírus da gripe pelo nariz de voluntários humanos. Quanto mais vírus nessa pluma nasal, eles descobriram, mais provável que os participantes fossem infectados e apresentassem sintomas.
Porém, esse tipo de experimento não pode ser feito de maneira ética para o novo coronavírus, dado o perigo que pode representar. Mas no início deste ano, uma equipe de pesquisadores na China tentou algo semelhante em hamsters: eles abrigaram animais saudáveis e infectados por coronavírus em gaiolas adjacentes, algumas das quais separadas por tampões feitos de máscaras cirúrgicas. Muitos dos hamsters saudáveis por trás das partições nunca foram infectados. E os animais que pegaram a doença desenvolveram versões da doença mais leves do que seus vizinhos “sem máscara”.
Leia na íntegra: O Globo