Estudantes do ensino fundamental, médio e superior falam sobre a experiência de estudar a distância durante a pandemia
A pandemia de Covid-19 obrigou instituições de ensino a fornecerem aulas pela internet, e alunos de todas as idades tiveram que se adaptar à essa nova realidade.
Para alguns, a modalidade de ensino a distância foi uma boa surpresa, permitindo que fizessem as aulas no seu ritmo e dando mais tempo para outras atividades. Já outros estudantes não aprovaram as aulas pela internet, seja por problemas com a plataforma adotada pelas instituições ou por terem dificuldades para se concentrar em casa.
Vejo abaixo como está sendo esse período para estudantes do ensino infatil —dependentes da ajuda dos pais— à pós-graduação.
“Na parte da manhã eu reservo o tempo para fazer as atividades com ela. De manhã a professora já manda o vídeo explicando a atividade do dia, aí a gente vai fazendo as atividades. É uma fase complicada porque agora ela está aprendendo sobre letras e números, então é extremamente importante que isso não pare. É corrido, mas a gente se dobra em quantas vezes for possível para que, quando voltar para a escola, ela esteja pronta para as próximas atividades.” Fernanda Ferreira, 29, mãe de Sofia Dumke, 5, estudante do pré II da Escola de Educação Infantil Chapeuzinho Vermelho, em Schroeder (SC)
“Sendo bem realista, não tem sido uma experiência muito boa. Estudar em casa é muito ruim por conta das distrações. A maioria dos meus amigos concordam comigo, que não é bom estudar a distância. Seria melhor que fosse retomado de onde paramos, depois da pandemia.” Carolina Proença, 15, estudante do 9º ano da escola Maria Elisa de Oliveira, em São Miguel Arcanjo (SP)
“A plataforma na qual minha escola disponibilizou as aulas é horrível e não consegue suprir as necessidades do ensino. Nem todos da minha escola têm acesso à internet ou um celular que possa acessar a plataforma. Sem contar as pressões psicológicas que estamos sofrendo durante essa pandemia. Na minha família, por exemplo, meu pai testou positivo e é provável que minha mãe e eu também estejamos com a doença. Como eu estudo com todas essas problemáticas? Eu acho que deveriam cancelar a EaD, não tem como continuar com isso, não é justo…”. Maria Cecília da Conceição, 17, estudante do 3º ano do ensino médio da Escola Técnica Estadual João Barcelos Martins, em Campos dos Goytacazes (RJ)
“A EaD é um modo de ensino muito diferente do presencial. É bom porque eu posso fazer a minha rotina de estudo e me distraio menos, por estar sozinho na maior parte do tempo. O ruim é que é mais complicado porque tudo depende do meu esforço para buscar e adquirir mais conhecimento. A parte prática do meu curso é feita a partir dos estágios, então a pandemia afetou isso.” Christian dos Santos, 20, estudante de Educação Física em EaD da Unicesumar, em Pinhão (PR)
“Na pós-graduação, as aulas têm sido muito boas porque já são turmas menores, em média de 10 alunos. É muito tranquilo usar ferramentas de EaD, por serem poucas pessoas acessando. Houve uma preocupação por parte da universidade com os alunos que não tinham dispositivo para acessar a rede, foi feito um projeto rápido para disponibilizar computadores.” Cristiane Fairbanks, 38, doutoranda em Educação na PUC-SP, em São Paulo (SP)
“Como meu projeto é experimental, estou bem atrasada. Na próxima semana, começarei a ir para o laboratório em turnos porque não podemos deixar a pesquisa parada. Confesso que, com a quarentena, tive tempo de organizar as ideias e escrever um artigo com os meus resultados porque a vida de pós-graduando é muito atribulada. Não existe final de semana e muito menos férias.” Raissa Antonelli, 26, doutoranda em Engenharia Química pela Unicamp, em Campinas (SP)
Fonte: Folha