UFRJ, UnB, UFMG e UFPE criaram planos de inclusão digital para alunos de baixa renda que não têm conexão de internet
Após quase quatro meses, alunos das instituições UFRJ, UnB, UFMG e UFPE voltarão a ter aulas, ainda que no modelo remoto. A UFRJ retorna os cursos de Medicina, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional já nesta terça-feira (14). Para os demais cursos, a volta será no dia 10 de agosto. As outras instituições anunciaram nesta segunda-feira calendários específicos, em sua maioria com retorno em agosto.
Desde o início da pandemia da Covid-19, pelo menos 210 mil alunos de universidades públicas ficaram sem aulas, conforme levantamento feito pelo GLOBO. O maior entrave na implementação do ensino remoto foi a desigualdade no acesso digital. Pesquisas realizadas pelas próprias instituições revelaram que parte significativa dos alunos não tinha conexão com internet nem tinha tablets ou notebooks. Reitores reclamaram da falta de uma política pública específica do MEC para as aulas remotas durante a pandemia.
Procurado, o MInistério da Educação (MEC) não se pronunciou sobre o que (e como) está sendo feito para a volta às aulas nas universidades públicas.
Quando da exlosão da pandemia, na UFRJ, dos 60 mil alunos, entre graduação e pós-graduação, 12 mil não tinham acesso à internet ou equipamentos próprios para iniciarem as aulas remotas. Na UnB, 6% dos estudantes da graduação não tinham computador ou tablet e 30% precisavam de apoio para melhores condições de acesso à internet.
— Para retomar as aulas, além de termos que fazer toda a adaptação das disciplinas para a forma remota, precisávamos ter a certeza de que os 12 mil alunos poderiam acompanhar — explicou a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho.
Sem auxílio federal exclusivo para a inclusão digital, a UFRJ lançou mão dos recursos do Programa Nacional de Assistência aos Estudantes (PNAES). A verba originalmente é destinada a restaurantes e residências universitárias:
— Com a suspensão das aulas, parte dos recursos não foi usado. Resolvemos pegar esse dinheiro e investir na compra de 12 mil chips e também possibilitar que os alunos comprassem os equipamentos.
A UFRJ exigiu que os alunios comprovassem renda familiar de até um salário mínimo e meio para ter acesso a chip ou modem distribuídos, sempre com franquia para uso de dados pela rede móvel. Serão distribuídos, ao todo, 13 mil kits de internet, sendo 12 mil para os estudantes de graduação e o restante para a pós-graduação.
Ao planejar a retomada das aulas de forma remota, a maior universidade pública do país também assegurou aos estudantes que não optarem pelas atividades pedagógicas não presenciais o direito de retomar suas atividades acadêmicas presenciais após o restabelecimento do calendário acadêmico regular.
No estado do Rio, a Universidade Federal Fluminense (UFF) ainda não definiu o retorno. Em nota, informou que está organizando grupos de trabalho para analisar as condições da volta. O planejamento está em fase final, mas a instituição ainda não definiu datas.
Já na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) a retomada das atividades ainda está sendo discutida. O calendário acadêmico do primeiro semestre de 2020 foi prorrogado. O término, previsto anteriormente para 18 de julho, foi transferido para 18 de setembro.
Em nota, a universidade informou que está realizando um levantamento sobre as condições de acesso à tecnologia entre seus alunos. Os resultados irão subsidiar a adoção de políticas de inclusão digital da comunidade acadêmica.
UFMG, UFPE e UnB: aulas começam em agosto
As aulas da graduação da UFMG serão retomadas de forma remota no dia 3 de agosto. As aulas da pós-graduação já foram retomadas, também em regime remoto e emergencial. Para proporcionar a inclusão digital aos alunos, a UFMG criou um programa que é realizado por meio de quatro chamadas. Em cada uma delas será oferecida um tipo de ajuda – desde a concessão de auxílio de R$ 1,5 mil para a aquisição de equipamentos até ajuda financeira, mensal, para auxílio de oferta de acesso à internet, softwares e outros recursos.
A Universidade Federal do Pernambuco (UFPE), que inicia as aulas remotas no dia 17 de agosto, também criou seu próprio programa de inclusão digital para os estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.O programa tem dois pilares: a oferta de pacotes de dados aos estudantes e a locação de equipamentos para os alunos. A previsão de conclusão é na segunda semana de agosto.
As atividades acadêmicas da UFPE serão realizadas por meio de ferramentas de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Para a nova modalidade, a universidade criou os Estudos Continuados Emergenciais (ECEs), que formam um conjunto de medidas e estratégias educacionais excepcionais e temporárias para minimizar prejuízos à aprendizagem dos estudantes de graduação durante e após o período de isolamento social decorrente da Covid-19.
A Universidade de Brasília (UnB) também marcou o retorno para 17 de agosto. A data vale para todos os cursos, de graduação e pós-graduação. A exceção são os cursos minsitrados pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) à distância, cujas atividades letivas começaram a ser retomadas nesta segunda-feira.
Para a definição da data de volta às aulas, a UnB lançou editais para garantir a conectividade dos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica e o pagamento de auxílio ou empréstimo de máquinas aos alunos sem computador ou tablet.
Pesquisa social junto à comunidade universitária feita pela própria UnB indicou que 6% dos estudantes da graduação não têm computador ou tablet e 30% precisariam de apoio para melhores condições de acesso à internet.
No RS, primeiro semestre ainda sem data para conclusão
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que suspendeu as aulas somente no final de junho, ainda está na fase de planejamento das aulas de ensino remoto para conclusão do primeiro semestre de 2020. A instituição estabeleceu prazo que começa nesta terça e termina no dia 20 de julho para que os alunos participantes do Programa de Benefícios da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) possam solicitar o auxílio de R$ 360,00 (parcela única) para aquisição de tablet ou assemelhados.
A iniciativa faz parte do plano de assistência estudantil extraordinário destinado a alunos de graduação em situação de vulnerabilidade, lançado no dia 19 de junho. Há ainda auxílio emergencial para alimentação de R$ 300 mensais por um período de três meses prorrogáveis por mais três meses. Pelo mesmo período, esse grupo de estudantes poderá solicitar ainda o auxílio Inclusão Digital, no valor de R$ 70 mensais, para viabilizar seu acesso à internet.
Fonte: O Globo