Ex-ministro da Educação Aloizio Mercadante (PT) criticou guerra cultural nas universidades brasileiras
Na conversa com os colunistas do UOL Leonardo Sakamoto e Carla Araújo, Mercadante criticou também as falas do pastor Milton Ribeiro, escolhido para comandar o MEC (Ministério da Educação), sobre feminicídio e educação de crianças com castigos físicos. “Espero que esse novo ministro não seja aquilo que ele diz ou o que ele disse no passado. Que ele esteja aberto a aprender com a experiência, visitar as escolas públicas, as universidades. Eu gostaria que a educação fosse preservada nessa tragédia. Espero que ele não seja as declarações que eu ouvi, que eu acho que são incompatíveis com uma educação humanista.”
Mercante, que durante os governos de Dilma Rousseff (2011-16) atuou como ministro da Ciência e Tecnologia, ministro-chefe da Casa Civil e esteve à frente do MEC por duas vezes, defendeu a autonomia das universidades do Brasil.
“É secular. As primeiras universidades do mundo são de 1500. Nós chegamos muito atrasados, a educação superior brasileira é tardia, chegou nos anos 20, e temos que superar o tempo perdido. Ninguém entra para ser docente em uma universidade federal sem concurso. Às vezes o concurso público não é bom, tanto que o Weintraub entrou. Não tinha título de doutor e não podia ter entrado. Mas é concurso público, transparente, auditável. Os reitores são eleitos pelas suas comunidades”, disse.
O ex-ministro citou uma “insatisfação brutal” da população em relação ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Para ele, o governo tem “visão obscurantista”.
“Por isso tem um monte de terraplanista nesse governo. A universidade tem que se basear na ciência, na pesquisa. Eles não acreditam em evidência científica. Está aí o caso que fizeram com a covid, a cloroquina. Como um presidente da República faz propaganda de um fármaco que não foi atestado? Isso é mais um sinal”.
Marcadante disse, no entanto, que é otimista com o futuro. “Acho que isso vai passar. Essa insatisfação é brutal, as agressões que eles fazem à liberdade de imprensa e aos valores civilizatórios é incompatível com um país do tamanho do Brasil no seculo 21. Temos que lutar, nos organizarmos para interromper o mais cedo possível esse desastre histórico que temos adiante, que é o governo Bolsonaro (…) A gente precisa lutar para não haver mais retrocesso na educação, porque eles foram muito graves nesse período”.
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Fonte: Uol Notícias