Empresário paranaense era defendido pelo Centrão
O presidente Jair Bolsonaro disse ontem a interlocutores que o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, está descartado para assumir o Ministério da Educação. Embora tenha gostado da conversa que os dois tiveram na terça-feira no Palácio no Planalto, o presidente ficou incomodado com o fato de Feder ter doado R$ 120 mil para a campanha eleitoral do governador paulista João Doria à Prefeitura de São Paulo, em 2016, e com a notícia de que é alvo de denúncias de suposta sonegação de R$ 22 milhões.
A avaliação de momento no gabinete presidencial é de que o futuro titular do MEC será escolhido sem pressa. Por enquanto, a pasta seguirá sob comando do secretário-executivo, Antonio Paulo Vogel.
O presidente está disposto a escolher um nome que não esteja alinhado à ala ideológica do governo, para atender à pressão do grupo mais moderado por um profissional com experiência na área e boa capacidade de gestão. De outro lado, parlamentares e militantes ligados ao ideólogo Olavo de Carvalho defendem que o melhor seria manter o perfil dos ex-ministros Abraham Weintraub e Ricardo Vélez, o que também está do radar do presidente.
Até ontem, Feder era “muito bem cotado” para o MEC, segundo um assessor palaciano comentou ao Valor, e chegou a ser considerado favorito a assumir o posto deixado por Abraham Weintraub. Mas a avaliação no governo é de que o empresário de 41 anos, sócio da Multilaser – empresa do segmento de tecnologia e informática -, “queimou a largada” e já considerava certa a indicação, o que também desagradou o
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O nome tinha apoio de um amplo time com bom trânsito no Planalto. Além de parlamentares do centrão, ele foi recomendado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), por empresários paulistas e por integrantes da comunidade judaica. Mas a avaliação de auxiliares do presidente é de que o perfil de Feder colidiu com o de Bolsonaro. As entrevistas concedidas à imprensa após a reunião, por exemplo, foram consideradas precipitadas.
Os principais conselheiros militares de Bolsonaro, ministros Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), não se opuseram ao nome de Feder no primeiro momento, em razão da experiência em gestão do empresário. Desde o início, porém, eles evitaram se expor com declarações favoráveis.
A notícia sobre suspeita do envolvimento de Feder com sonegação, que incomodou o presidente, foi revelada ontem pelo jornal “O Globo”. De acordo com a publicação, o Ministério Público investiga a empresa da qual ele é sócio por não recolher os valores devidos de ICMS para os cofres públicos de São Paulo e Rio de Janeiro.
A doação eleitoral a Doria já havia sido citada na reunião com o presidente. Segundo relatos, Feder minimizou o caso e garantiu que não teve mais contato com o atual governador de São Paulo, inimigo político de Bolsonaro. Procurado, o empresário disse por meio de sua assessoria que não foi informado sobre a decisão de Bolsonaro sobre o futuro do MEC.