Presidente valoriza alinhamento ideológico na pasta e não políticas para a área
Uma eventual troca no comando do MEC (Ministério da Educação) pode tirar a pasta do centro de polêmicas, movimento provocado pela postura do ministro Abraham Weintraub, mas não há perspectiva de alterações na influência ideológica no órgão.
A ala mais ideológica dentro do governo Jair Bolsonaro, com apoio dos filhos do presidente, foi a maior responsável pela chegada de Weintraub ao MEC. Ele assumiu o cargo em abril de 2019, após demissão de Ricardo Vélez Rodríguez.
Foi exatamente a disposição de Weintraub de manter um papel ativo na chamada “guerra cultural”, com acenos estratégicos à militância de direita mais fiel ao presidente, o principal motivo de sua permanência no MEC até agora.
Segundo pessoas próximas ao MEC, o único pressuposto para ocupar a pasta, na visão de Bolsonaro e de seu núcleo, é um alinhamento de discurso.
O andamento das políticas de educação não está entre as principais preocupações do presidente. Dessa forma, não é esperada qualquer mudança no caráter ideológico da pasta.
A equipe do MEC passou por diversas alterações durante o mandato de Weintraub, mas o único nome mantido dentro do ministério foi o do secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, indicação do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarista.
Nadalim não sai da pasta independentemente de quem for o ministro, dizem nos bastidores.
Segundo interlocutores, ele tem, inclusive, apostado na indicação da secretária de Educação Básica do MEC, Ilona Becskeházy, para o lugar de Weintraub.
Doutora em educação e consultora experiente do tema, Ilona era desde o ano passado uma das poucas pessoas envolvidas no tema a defender a gestão de Weintraub, sobretudo com relação à nova política de alfabetização.
Com isso, ela passou a ser seguida e elogiada por entusiastas de Olavo de Carvalho e, em abril deste ano, foi anunciada para o cargo.
Weintraub também está cercado de nomes próximos de olavistas e ou dos filhos do presidente, como os assessores Sergio Sant’anna e Victor Metta.
O deputado Idilvan Alencar (PDT-CE) vê o momento com pessimismo porque, segundo ele, não há no entorno do presidente pessoas ligadas à educação.
“Temos duas questões urgentes, que é o financiamento da educação, com Fundeb, e a educação em tempos de pandemia. Mais do que nunca precisávamos de um ministro que conhece a pauta, mas o que há é muita apreensão”, diz ele, ex-secretário de Educação do Ceará e ex-presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
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