Apufsc se solidariza com professora Lia Vainer Schucman, do Departamento de Psicologia
A professora Lia Vainer Schucman, do Departamento de Psicologia da UFSC, foi alvo, juntamente com outros participantes, um ataque nazista, misógino e racista enquanto promoviam um debate sobre racismo na plataforma on-line Zoom. O evento é atividade de extensão da professora e foi realizado pelo Instituto Comunitário Grande Florianópolis (ICOM) na quarta-feira, 10 de junho.
A palestra intitulada “Que tipo de práticas antirracistas podem ser adotadas pela sociedade civil organizada?” acontecia normalmente, com a presença de cerca de 70 pessoas, quando foi interrompida pela entrada de quatro integrantes que passaram a colocar na tela mensagens misóginas, vídeos de cabeças sendo cortadas, atentado ao pudor (um dos invasores exibiu o pênis), além de uma suástica.
“Na hora foi muito pesado. Estamos bem. Não sabemos ao certo a quem especialmente foi ao ataque, mas confesso que as mensagens misóginas junto com a suástica foi pesado para uma mulher judia na luta antirracista”, declarou a professora em suas redes sociais.
“Esse ataque desvela um Brasil ainda mais misógino e violento, indevidamente endossado pelo atual presidente da República”, diz Patrícia Della Méa Plentz, vice-presidente da Apufsc. “Quando um cidadão brasileiro vê sua autoridade máxima dizer que tem uma filha fruto de uma fraquejada, quando diz à uma deputada federal que ela não merecia ser estuprada e manda jornalistas mulheres calarem a boca, temos a situação que se apresenta, ou seja, todo e qualquer cidadão brasileiro se sente autorizado a agir da mesma forma ou ainda pior.”
Patrícia espera que as autoridades policiais encontrem os infratores e os puna de forma exemplar. “É o mínimo que a sociedade civil de bem quer e merece. À professora Lia Vainer Schucman fica nosso apoio incondicional a qualquer ação que seja necessária para garantir que as leis do nosso país sejam aplicadas.”
O ICOM registrou um Boletim de Ocorrência e irá tomar providências legais. “Racismo e a apologia ao nazismo são crimes. Rapidamente, a equipe do ICOM conseguiu remover perfis envolvidos na ação e retomar o evento, que foi gravado. A invasão com propagação de mensagem criminosa será denunciada formalmente às autoridades responsáveis pela investigação destes casos, assim como à plataforma Zoom”, escreveu o ICOM em sua página no Facebook.
Ataques cibernéticos similares já ocorreram com outras universidades brasileiras durante debates relacionados às questões raciais e de gênero, na Unicamp, UFRJ e UFMT.