Ordem para depoimento foi do ministro Alexandre de Moraes; em reunião, Weintraub afirmou: ‘Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF’
O ministro Abraham Weintraub se manteve em silêncio em depoimento na manhã de sexta-feira (29) no Ministério da Educação. Durante o interrogatório, ele não respondeu a perguntas. Disse que desejava fazer uso do direito constitucional de permanecer calado. O depoimento era parte das investigações do chamado “inquérito das fake news”, aberto pelo Supremo Tribunal Federal.
A ordem para que Weintraub prestasse depoimento partiu do ministro Alexandre de Moraes, do STF, responsável pelo inquérito, que apura a disseminação de notícias falsas e ameaças aos ministros do tribunal.
O objetivo do depoimento era esclarecer a manifestação de Weintraub na reunião ministerial de 22 de abril, cujo conteúdo se tornou conhecido na semana passada.
O ministro defendeu a prisão de ministros do STF, chamados por ele de “vagabundos”. “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”, declarou o ministro na ocasião.
O governo tentou impedir o depoimento de Weintraub. O ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, entrou com um habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar suspender o depoimento.
André Mendonça argumentou que não existe relação entre o objeto do inquérito e o exercício da liberdade de expressão. O ministro também estendeu o pedido a todos os alvos de mandados de busca e apreensão no inquérito. Na última quarta (27), a PF cumpriu 29 mandados de busca e apreensão contra 17 pessoas.
Observatório Judaico pede demissão de Weintraub
O Observatório Judaico Henry Sobel de Direitos Humanos defendeu a demissão imediata do ministro da Educação, Abraham Weintraub. De acordo com a entidade, Weintraub não demonstrou competência à frente do cargo, destacou-se apenas por “declarações deliberantes e bombásticas” ao longo de mais de um ano de “desastrosa gestão” e “banalizou o mal nazista”.
A entidade repudiou a referência feita pelo ministro à “Noite dos cristais”, episódio violento de perseguição aos judeus ocorrido em 9 de novembro de 1938, ao se referir à ação cumprida pela Polícia Federal no inquérito das fake news na última quarta.
“O mesmo Weintraub proferiu grave banalização do genocídio de judeus durante a Segunda Guerra ao equiparar a famigerada Noite dos Cristais a uma operação da Polícia Federal no curso da investigação dos implicados nos crimes de injúria, difamação, calúnia e intimidação através de redes sociais (as chamadas fake news).”
A manifestação pode ser lida na íntegra no site do Congresso em Foco.
Leia na íntegra: G1