Titular da Educação ministrou palestra neste sábado em congresso conservador virtual
Um dia após ter ter permanecido calado durante depoimento à Polícia Federal no inquérito que investiga ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou durante uma palestra ser preciso “mudar as regras da Nova República”. Ele definiu o regime político brasileiro como uma “estrutura montada pela esquerda, oligarcas e corruptos”.
A declaração foi feita em uma exposição em vídeo disponibilizada para o congresso online do Movimento Brasil Conservador (MBC), que apoia o governo de Jair Bolsonaro. Realizado neste fim de semana, o evento conta com palestras de vários investigados pela Polícia Federal no chamado inquérito das fake news.
— Criou-se uma estrutura para levar o Brasil para um paraíso esquerdista. E como a gente resolve isso? Indo atrás dos oligopólios e monopólios, tendo coragem para enfrentar a discussão ideológica e mudando as regras da Nova República, porque elas foram montadas por um sistema que sempre vai gerar a mesma coisa — declarou Weintraub.
Weintraub afirmou que a esquerda é “inimiga dos valores e da razão” e que “tem nojo do lucro”, que definiu como “sagrado, fruto do trabalho”. Sem dar maiores detalhes, também declarou que “esse pessoal do oligopólio está louco para criar o campeão nacional do Ensino Superior, já está tudo montado, falta só virar a chave”.
Assim como seu irmão Arthur Weintraub, assessor especial da Presidência, que palestrou na sexta-feira, o ministro questionou a separação dos Três Poderes, sistema sob o qual funcionam as repúblicas democráticas em todo o mundo. Para ele, Judiciário, Legislativo e “burocratas do Executivo” não conseguem impedir a captura do Estado pela esquerda corrupta.
— Tem todo o sistema de freios e contrapesos, tudo que deveria impedir que esse mecanismo se construísse. Você tem o Judiciário, o Legislativo, você tem burocratas no Executivo que deveriam impedir isso.
Arthur Weintraub, por sua vez, discorreu em sua palestra sobre a Revolução Francesa, criticou o filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau e afirmou que a separação entre os Três Poderes numa república democrática, o Executivo, o Judiciário e o Legislativo, “não funcionam na prática”. Apesar da afirmação, não deu maiores explicações.
— Esses iluministas começam a criar essa ideia de separação de poderes, sistema de freios e contrapesos, que na teoria é muito bonito, mas na prática muitas vezes não tem funcionado. Então, “ah, os Três Poderes são harmônicos, equilibrados”… A gente tem exemplos de que isso não acontece tanto. E esse sistema de poderes harmônicos, essa teoria do Estado, de pacto social, vai fortalecendo demais o Estado. E o Estado vai criando tecnologias de controle das pessoas, e de imposto, e de paternalismo. Se você reparar, o Estado começa a te controlar e te exigir imposto — declarou o assessor da Presidência.
Fonte: O Globo