Foram apresentados três modelos “excepcionais e temporários” de atuação: de forma não-presencial, semipresencial e presencial
O Conselho Universitário (CUn) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realizou na última sexta-feira, 29 de maio, uma sessão extraordinária on-line para receber e debater sobre as informações acerca do andamento dos trabalhos dos comitês criados para planejar as atividades na instituição nos próximos meses. Além do relato, houve debates sobre alternativas de ensino na pós-graduação e reflexos da pandemia na vida universitária.
Dentre os relatos sobre o andamento dos comitês, houve um anúncio, do Subcomitê Científico, encarregado de estabelecer os critérios e condições para a realização das atividades pedagógicas e administrativas, que sugeriu três modelos “excepcionais e temporários” de atuação: de forma não-presencial, semipresencial e presencial.
Em relação ao ensino, o relatório preliminar de trabalho do Subcomitê Científico prevê um Modelo 1, composto por atividades pedagógicas não-presenciais “com aplicação universal de recursos tecnológicos para a aprendizagem”; um Modelo 2, de atividades pedagógicas semipresenciais (formato híbrido) “com aplicação parcial no tempo, mas universal no seu alcance, de recursos tecnológicos para aprendizagem, visando o alcance dos objetivos de formação”; e um Modelo 3, em que as atividades pedagógicas se dariam de forma presencial.
Cada curso da UFSC teria a prerrogativa de escolher o modelo a adotar. “A escolha do modelo que será aplicado deverá ser pautada pelo aproveitamento educacional dos estudantes, assim como pelas condições epidemiológicas existentes”, diz o documento. A recomendação do comitê científico é a de que os modelos 2 (semipresencial) e 3 (presencial) sejam vedados inicialmente, podendo ser adotados somente após autorização “explícita e reversível” do reitor. Os mesmos modelos orientariam as atividades administrativas nos próximos meses.
Para a realização de atividades presenciais, as observações do Subcomitê Científico mostram o grande desafio que está diante da Universidade em termos de adequação de sua infraestrutura e para monitoramento da saúde da comunidade universitária. Um retorno às atividades presenciais deverá sempre considerar a possibilidade de reversão e levar em conta critérios numérico-epidemiológicos tais como a diminuição ou aumento sucessivo e de forma sustentada no número de casos novos (de Covid-19); a diminuição ou aumento sucessivo e de forma sustentada do número de óbitos diários e o percentual de ocupação dos leitos de UTI.
Adaptações
O relatório preliminar do subcomitê enumera várias condições que limitarão o retorno das atividades presenciais acadêmicas e administrativas. Só poderiam voltar às atividades presenciais as pessoas com menos de 60 anos, sem comorbidades (doenças como cardiopatias, hipertensão, diabetes) e em grupos e/ou turnos que garantissem quatro metros quadrados por pessoa e distância de dois metros em ambientes fechados. Seria necessário o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), como máscaras faciais, face shields, luvas e jalecos e também seria necessária a aferição de temperatura corporal antes do acesso a locais fechados.
O retorno às atividades presenciais exigiria, ainda, adaptações e regras de utilização dos vários ambientes da UFSC, além de adequações da infraestrutura. O Subcomitê Científico sugere que os Centros de Ensino sejam dotados com sistemas de higiene e antissepsia adequados (pias com água e sabão, álcool 70 e água sanitária). Os ambientes deverão garantir o distanciamento e ter ventilação suficiente, os corredores e escadas funcionarem em fluxo único e os elevadores terem normas especiais de uso.
O acompanhamento da saúde, além da aferição da temperatura para acesso aos ambientes, prevê também “inquérito sorológico amostral seriado representativo de toda a comunidade universitária” realizado repetidas vezes. Todas essas medidas e ações têm por objetivo preservar a segurança e a saúde de toda a comunidade universitária, que é um dos princípios orientadores do relatório.
Na sequência, o professor Celso Spada, que coordena o Comitê Assessor, fez um resumo das ações já promovidas e dos planos de ação dos subcomitês de Comunicação, de Infraestrutura e Administração, Acadêmico e de Assistência Estudantil. Os subcomitês têm caráter consultivo e são encarregados de propor as ações e providências para a realização das atividades na UFSC, que serão depois submetidas à deliberação do Conselho Universitário.
Pós-graduação
A reunião foi marcada também pela inclusão de alguns pontos de pauta. Um deles foi um debate sobre a deliberação recente da Câmara de Pós-Graduação (CPG), tomada no dia 27 de maio, que aprova a possibilidade de utilização do ensino remoto em consonância com as futuras decisões da Administração Central. A deliberação da CPG causou certa desorientação e apreensão entre os estudantes, após uma confusa nota publicada na imprensa.
A representante da Associação de Pós-Graduandos da UFSC (APG) leu na sessão uma nota em que critica e contesta a forma e o conteúdo da deliberação. O professor Jonny Carlos da Silva também se pronunciou fazendo um contraponto à nota da APG. Houve questionamento se a CPG tem autonomia para aplicar a deliberação imediatamente e o assunto deverá ser novamente discutido na próxima reunião do CUn.
Houve também manifestações de alguns conselheiros, principalmente os representantes dos servidores técnico-administrativos, a respeito de situações que estariam ocorrendo no Hospital Universitário (HU) durante a pandemia.
O vídeo completo da sessão desta sexta-feira pode ser assistido pelo YouTube.