Em comparação às demais regiões do país, essa foi a maior alta registrada
O número de novos casos de coronavírus no Sul do país quase dobrou na última semana, de acordo com levantamento do UOL com os dados do Ministério da Saúde. O crescimento acontece em um período em que os estados da região têm flexibilizado as medidas de isolamento social, permitindo a reabertura do comércio e de instalações religiosas, por exemplo. Dois fatores podem ser as causas para o resultado: os baixos índices de isolamento social em dias úteis nos três estados da região e a taxa de reprodução do vírus. Hoje, nenhum estado do país tem taxa de reprodução abaixo de 1 —o que significaria que a epidemia estaria em tendência de queda.
Na semana epidemiológica 20, cuja referência é o período entre 11 e 17 de maio, os três estados do Sul haviam acumulado 2.991 novos casos de pessoas com a covid-19. Na semana 21, encerrada no domingo (24), foram 5.581, um crescimento de cerca de 86%. Essa foi a maior alta na comparação com as outras quatro regiões do país. Considerando todo o país, a quantidade de novos casos na semana passada cresceu 55,8% no mesmo período. Sudeste, Norte e Nordeste oscilaram entre 59,4% e 51,8%. No Centro-Oeste, a alta foi de 36,9%. A região Sul é, proporcionalmente, a menos afetada pelo novo coronavírus, tendo 0,6 caso a cada mil habitantes. A média do país é de cerca de 1,7.
Mais do que o dobro
Rio Grande do Sul e Paraná foram os estados que registraram os mais altos crescimentos na comparação entre as duas semanas. No território gaúcho, a alta foi de 129,2% na comparação entre as duas últimas semanas. No estado paranaense, 105,3%. Em Santa Catarina, a taxa foi menor, de 42,5%.
Nas últimas semanas, atividades econômicas têm sido liberadas na região. Há shoppings em operação no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e no Paraná. Academias também estão abertas nos três estados, assim como igrejas, com algumas restrições, como acontece em Porto Alegre.
Os gaúchos, por exemplo criaram um sistema de bandeiras para indicar que tipo de atividade pode ser retomada em determinadas regiões do estado. Cidades de Santa Catarina e Paraná já convivem com um isolamento mais brando desde meados de abril.
Isolamento
Com medidas de distanciamento menos rígidas, o isolamento tem taxas baixas para brecar a epidemia. Especialistas apontam que o ideal seria de ao menos 60%.
Mas, segundo o “Mapa Brasileiro da covid-19”, na sexta-feira (22), último dia útil da semana passada, os índices de isolamento social na região Sul beiravam o 40%:
- Rio Grande do Sul: 40,1%
- Santa Catarina: 38,4%
- Paraná: 39,1%
No fim de março, quando a pandemia começava a se expandir pelo país, os índices nos três estados passavam dos 50%. Na última sexta, o Brasil possuía uma taxa de 41,2% de distanciamento social. Com mais pessoas nas ruas, a chance de a taxa de reprodução do vírus crescer é maior.
Até o último domingo (24), as taxas nos três estados eram de:
- Rio Grande do Sul: 1,70
- Santa Catarina: 1,36
- Paraná: 1,37
O Brasil tem taxa de 1,43. Para que a pandemia mostre tendência de queda, é preciso que essa taxa esteja abaixo de 1.
Leia na íntegra: UOL