Estudos sobre o uso do medicamento em doentes com sintomas leves podem correr risco por falta de pacientes para os testes
A decisão de Jair Bolsonaro de mudar o protocolo e ampliar o uso da cloroquina para casos leves de Covid-19, formalizada pelo Ministério da Saúde, atropelou estudos da droga no Brasil —e pode dificultar o término das pesquisas que já estão sendo realizadas.
O maior problema, segundo médicos e cientistas ouvidos pela coluna, será selecionar os pacientes ambulatoriais, que têm sintomas leves, para o grupo dos que não vão tomar o remédio.
Como o medicamento está sendo recomendado pelo próprio governo, a possibilidade maior é a de que a grande maioria dos doentes já faça uso da cloroquina, mesmo que não tenha necessidade.
A existência de dois grupos — um que toma a droga e outro que não faz uso dela — é fundamental para que os cientistas possam comparar os resultados e atestar, ou não, a eficácia do remédio.
Um dos maiores testes que já estão sendo realizados com hidroxicloroquina em pacientes leves é o da Coalizão Covid-19, que reúne algumas das principais instituições hospitalares brasileiras. Ele está sendo feito no hospital Oswaldo Cruz.
Até agora, o estudo já incluiu 26 pacientes —a meta é chegar a 1.300. Há outras pesquisas sendo feitas no país, como uma da Fiocruz, em Manaus.
Fonte:Folha