Instituições argumentam que são contra ‘qualquer tentativa de difundir uma sensação de normalidade falseada’
Dez universidades públicas do Rio assinaram um documento pedindo o adiamento do Enem. Entre elas, a UFRJ, maior instituição de ensino superior federal do país. As inscrições para a prova começam na próxima segunda-feira e vão até o dia 22. Elas estão programadas para serem realizadas 1 e 8 de novembro, na versão impressa, e 22 e 29 do mesmo mês para quem decidir realizá-la no formato virtual.
Eles argumentam na carta “O Enem deve ser adiado” que são contra “qualquer tentativa de difundir uma sensação de normalidade falseada, como a manutenção do cronograma do Enem 2020, o qual, caso mantido, ampliará as desigualdades de acesso ao ensino superior”.
Também assinam o documento a Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto Federal Fluminense (IFF), Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), Colégio Pedro II, Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).
Segundo os reitores dessas instituições, eles assistem “com perplexidade e desaprovação à decisão de manutenção do calendário do Enem”. Ainda de acordo com a carta, “os estudantes brasileiros em vulnerabilidade social lutam pela defesa de suas vidas, pelos cuidados com a saúde, pelo cuidado de seus familiares, seguindo as orientações de isolamento social reiteradas pelas autoridades sanitárias nacionais e internacionais. Milhões desses estudantes não têm acesso à tecnologia ou à internet, o que impede ações pedagógicas similares ao cotidiano escolar com aulas presenciais”.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, defende a manutenção das datas do Enem. Ele argumenta que o exame é uma competição e, por isso, ficou mais difícil para todo mundo.
— Isso que tem que paralisar tudo é bobagem. O Brasil não pode parar, não vai parar — afirmou. — Todo ano querem acabar com o Enem. Só que a argumentação deles é totalmente equivocada. Eles dizem: as pessoas não estão podendo se preparar. Mas está difícil para todo mundo. É uma competição. A gente vai selecionar as pessoas mais preparadas para serem os médicos daqui dez anos, os enfermeiros, os engenheiros, os contadores.
No Congresso, há projetos que preveem o adiamento das provas, como dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Daniella Ribeiro (PP-PB). Senadores têm pressionado o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a pautá-los, diante da resistência de Weintraub em adiar as provas.
Entre os argumentos, parlamentares alegam que, independentemente de a situação da pandemia estar controlada no país em novembro, a realização das provas nesse mês será injusto com alunos da rede pública, já que, diferentemente das escolas privadas, eles não têm tido aula neste período de isolamento social.
Os secretários estaduais de educação também divulgaram, no começo de abril, uma nota criticando a manutenção da data de aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo eles, a manutenção do cronograma ” deverá ampliar as desigualdades entre os estudantes do Ensino Médio em todo o país para o acesso às instituições de Ensino Superior”.
Leia na íntegra: O Globo