Segundo o ministro da Saúde, a pasta ainda vai formatar critérios sobre retomada de aulas em meio à pandemia
O ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou em audiência no Senado nesta quarta-feira que não há recomendação de retorno das aulas nas escolas e ressaltou que a orientação original da pasta de manter o distanciamento social nunca foi mudada.
– Em relação à volta às escolas, estamos desenhando uma estratégia que vai ser feita e vai ter critérios, mas, neste momento, não existe qualquer recomendação de volta às escolas. Temos lugares diferentes no mundo que colocam a volta às escolas em diferentes pontos, mas hoje não tem recomendação de volta à escola – afirmou o ministro.
Teich foi cobrado duramente para que desse explicações mais claras sobre orientações a respeito de distanciamento social em meio à pandemia. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) questionou:
– Isolamento social: sim ou não? Se é por região, quais regiões têm e quais não têm? Está dúbio, está fazendo uma confusão enorme na cabeça das pessoas.
A senadora Kátia Abreu (PP-TO) pediu que o ministro apresente “protocolos oficiais”. Ela citou uma declaração anterior de Teich na audiência de que a falta de informações sobre a doença leva a um “isolamento que radicaliza o distanciamento” porque “você não sabe o que fazer”.
– Como você não sabe quem está contaminado, qual é o percentual, como aquilo transmite, qual a frequência, você faz o radical, que é o que se faz há cem anos: separa-se todo mundo – afirmou Teich, ao enfatizar os problemas da falta de dados.
A senadora, então, questionou:
– O senhor disse que isolamento é atitude de quem não sabe o que fazer. O senhor sabe o que fazer? Quais os protocolos oficiais para cada estado? Os governadores precisam de orientação, ministro.
Teich disse que o Ministério da Saúde nunca mudou a orientação original de manter o distanciamento e disse que mudanças sobre isso são de responsabilidade dos governadores.
Ele disse que o Ministério da Saúde vai divulgar uma diretriz para que cada estado possa usá-la, considerando as variáveis que serão colocadas, para “seguir se quiser”. E voltou a destacar que é a “decisão é dos estados e municípios”.
– Um dos pré-requisitos [para flexibilizar o isolamento] é você ter a curva saindo do ascendente e começando a entrar na descendente. Agora é importante que você já tenha um planejamento prévio quando isso acontecer para que você tenha critérios para ver quem sai, como sai, qual os grupos que saem – disse Teich, acrescentando:
O ministro enfatizou que nada muda enquanto não houver definição clara sobre as “curvas” e se disse incomodado com a “polarização política” em torno do tema do isolamento:
– Enquanto a gente não tiver uma definição clara de como é que são as curvas, e como a gente vai definir a sequência de uma estratégia de distanciamento quando você começar a ter a queda da curva, a gente vai manter o que está sendo feito até hoje. E nesse espaço de tempo você vai buscando mais informações para ter mais capacidade de entender o que está acontecendo de tomar decisões mais seguras – disse.
Leia na íntegra: O Globo