Em entrevista ao ‘objETHOS’, o jornalista de dados analisa a cobertura midiática da pandemia do novo coronavírus
A pandemia do novo coronavírus trouxe diferente dados às manchetes brasileiras. São gráficos que registram o número de casos da Covid-19, projeções de infectados no Brasil, comparações com outras nações, dentre outros recursos matemáticos. Especialista e um dos pioneiros a estudar e praticar o jornalismo de dados no país, Marcelo Soares concedeu uma entrevista ao Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) sobre a cobertura jornalística em tempos da atual pandemia. O objETHOS é uma iniciativa vinculada ao Departamento de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (POSJOR) da UFSC.
Soares vem trabalhando com estatísticas sobre a Covid-19 desde o dia 9 de março, em sua plataforma de jornalismo de dados, a Lagom Data. É um dos fundadores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), da qual foi o primeiro gerente, e é membro do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). Marcelo Soares trabalhou também na Folha de s. Paulo, onde foi o primeiro editor de audiência e dados da imprensa brasileira.
Em entrevista ao objETHOS, o jornalista falou sobre como muitos jornalistas chegam desprevenidos e acreditam que dados são frios e objetivos. “Mas, na verdade, são fontes tão cheias de limites quanto as fontes humanas. Isso porque lá na ponta os dados são humanos até demais”, afirma.
A discrepância entre dados dos municípios e das secretarias estaduais de saúde também foi abordada. “Isso em parte ocorre porque há vários tipos de teste em uso, com graus de qualidade variados. Então, quando o governo fala um número fechado todo final de tarde, é preciso ver o que compõe esse número”.
Questionado sobre como o público pode diferenciar informações enganosas de análises e projetos responsáveis e consistentes, Marcelo Soares indica, primeiramente, que se verifique a precedência da informação. Feito isso, é importante checar se a afirmação está sendo demonstrada. “Há afirmações de todo tipo sendo feitas a partir de dados e gráficos. Torturados, os números dizem qualquer coisa”, explica. Por fim, “Uma última dica é: ouça mais os estudiosos do que os políticos. Vale para tudo, mas vale ainda mais quando vidas estão em jogo”.
Leia aqui a entrevista ao objETHOS.
Imprensa Apufsc