Jornalista Dagmara Spautz lembra que Moisés garante que tem respaldo científico mas até agora não divulgou quem são os especialistas que estão orientando o Estado
A jornalista da NSC Total, Dagmara Spautz, foi certeira ao analisar a última coletiva de imprensa do governador Carlos Moisés (PSL) na noite de ontem (21): “o Estado lava as mãos e diz às pessoas que cabe só a elas tomar os cuidados necessários e evitar a contaminação”. Veja a análise da colunista:
O governo liberou a retomada de quase todas as atividades, ao mesmo tempo em que reconhece que a saída dos catarinenses às ruas vai aumentar o número de contaminados. O recado, mais uma vez, é que a situação é séria e preocupante – mas o Governo de Santa Catarina não quer mais saber de desgaste com medidas impopulares.
Moisés disse que o governo fez a sua parte ao decretar isolamento social quando o Estado identificou transmissão comunitária, em 17 de março. Avalia que as medidas já surtiram efeito, e por isso Santa Catarina já pode ensaiar um retorno à “normalidade”. Mas pede que todo mundo ajude porque estamos falando “de vidas”. O governo abusa dos sinais trocados.
As informações que embasam o afrouxamento das medidas de isolamento social não são claras. O governo fala nos modelos do Imperial College de Londres, na calculadora epidemiológica, mas até agora não mostrou qual é a equipe de especialistas que direciona a tomada de decisões.
Há duas semanas, uma recomendação conjunta do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do Trabalho (MPT) cobrou do governo que apresentasse respaldo científico para autorizar a retomada de atividades. O documento pediu que o Estado crie um comitê técnico, com a presença de especialistas em epidemiologia e infectologia, que se responsabilize por estudos que amparem as decisões. E que toda liberação de atividade passe a contar com o aval desse grupo.
Se o tal grupo de especialistas existe, nunca foi apresentado pelo governador. Seria importante que viesse a público, para que os catarinenses tivessem a certeza de que as decisões têm, de fato, amparo científico.
Até agora, parece que é a falta de habilidade política para lidar com a pressão dos diversos setores o que tem balizado as reaberturas. O governo cede, e recomenda aos catarinenses que se cuidem.
Fonte: NSC Total