Conselho Universitário aprovou ensino à distância no período da quarentena
O Conselho Universitário (Consuni), em reunião realizada no dia 30 de março aprovou resolução onde, durante o período de quarentena, não haverá suspenção das atividades realizadas dentro do calendário universitário da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mas, nesse período, a aulas presenciais serão substituídas por atividades remotas. A decisão não foi bem aceita por grande parte da comunidade universitária. As atividades presenciais seguem suspensas até o dia 9 de abril.
O presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc-Sindicato) e professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFC, Bruno Rocha, afirma que uma das preocupações da decisão é que nem todos os estudantes nesse período vão ter condições e recursos pra fazer as aulas online ou participar dessas aulas. “Não só recursos tecnológicos, mas também condições psicológicas, uma vez que muitos deles estão cuidando dos seus pais, avós, estão tendo contato com outros familiares e estão precisando dedicar mais tempo a sua família nesse período de distanciamento social”.
Douglas de Araújo, secretário geral do DCE e militante do Levante Popular da Juventude informa que o DCE é contra a decisão tomada pelo Consuni. “Elaboramos um documento, com participação de mais de 40 entidades de representação estudantil dos cursos da UFC, de medidas propositivas sobre o funcionamento da UFC durante a crise da covid-19, nele deixamos claro as implicações que essa medida tem na comunidade discente da UFC, e é inaceitável que os estudantes sejam prejudicados simplesmente porque não tem acesso à internet, não tem um notebook em casa e/ou estão com diversas problemáticas familiares em relação à própria doença, do coronavírus”.
Douglas de Araújo explica que após a medida muitos professores, mesmo os que já não estavam dando aula porque a direção do seu centro já havia decidido pela suspensão das aulas remotas, também estão seguindo orientação da reitoria. “Os próprios docentes não receberam o apoio mínimo e capacitação adequada para esta mudança brusca de aula presencial para o Ensino à Distância (EAD), até porque não se obtém isso de improviso e no auge da crise mundial da covid-19 que estamos vivenciando”.
Bruno Rocha explica que uma videoconferência simples não caracteriza um sistema de ensino a distância. De acordo com ele, há várias manifestações de outras universidades que explica que educação e ensino à distância não é a mesma coisa que uma atividade virtual ou uma videoconferência com os estudantes. “Envolve um planejamento muito mais profundo e, inclusive, envolve alterações dos projetos pedagógicos dos cursos presenciais, o que não foi feito, de forma alguma. Não há nenhuma normatização da UFC, nem das unidades acadêmicas pra esse trabalho, o que torna completamente irregular esse tipo de aula virtual, de atividade virtual em substituição às aulas presenciais”.
Durante a reunião do Consuni também não ficou claro a forma como os professores irão organizar e passar seus conteúdos de forma remota, já que ficou decidido que cada ação seria de responsabilidade do professor. Para Bruno Rocha, “A resolução do Consuni não dá conta dessa definição e permite que exista várias formas de abordagem pelos professores sem o direcionamento institucional que é muito ruim pra instituição e para a qualidade do ensino”, afirma.
Fonte: Brasil de Fato