Grupo de pesquisadores que estuda dinâmica da epidemia do novo coronavírus no Brasil vê sinais de otimismo com cautela
As estatísticas sobre aumento de casos da Covid-19 sugerem que, nos últimos dias, o Brasil já pode estar se beneficiando das medidas de isolamento social dos que podem ficar em casa, implementadas nas cidades com focos da doença. A esperança de que o chamado “achatamento da curva” já pode estar acontecendo, porém, esbarra na incerteza gerada pela falta de testes no Brasil.
Essa foi a conclusão do grupo Nois (Núcleo de Operações e Inteligência e Saúde), iniciativa de cientistas para estudar a epidemiologia do novo coronavírus no Brasil. O consórcio envolve PUC-Rio, Fiocruz, USP, Instituto D’Or, Instituo Evandro Chagas e outras instituições, além da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro.
Em uma nota técnica publicada nesta quarta-feira, que analisa o cenário até o registro do 5.717º caso da doença no Brasil, o grupo oferece uma avaliação relativamente otimista com relação a três projeções que havia feito uma semana atrás para o início de abril.
“Nos dias 21 e 22 de março de 2020, os casos confirmados no Brasil ultrapassaram a predição pessimista, indicando um rápido crescimento da epidemia”, afirma o documento. “Contudo, nos dois dias subsequentes, os casos confirmados estiveram entre o cenário mediano e o cenário pessimista, o que demonstrou uma tendência de diminuição do crescimento. Essa tendência foi confirmada entre os dias 24/03/2020 e 30/03/2020.”
Já era esperado que, caso um efeito das medidas de conteção da epidemia pudesse ser verificado agora, ele seria mesmo sutil, porque em outros países eles levaram de duas a três semanas para se tornarem perceptíveis. E a incerteza sobre os dados pode estar produzindo artificialmente um cenário excessivamente otimista, dizem os pesquisadores.