Segundo a Unesco, cerca de 4 em cada 5 cinco alunos estão sem aula para tentar conter o vírus
Em seu terceiro pronunciamento em rádio e televisão sobre a crise do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro criticou nesta terça (24) o fechamento de escolas para combater a epidemia.
A medida, no entanto, tem sido amplamente adotada mundo afora. Até esta terça, 156 nações haviam fechado todas as suas escolas, segundo levantamento da Unesco. Na manhã desta quarta (25), a Rússia foi mais um país a determinar o fechamento de instituições de ensino devido à Covid-19.
O órgão da ONU estima que 1,4 bilhão de alunos foram afetados pelas ações de resposta ao vírus, o que equivale a 82,5% dos estudantes de todo o planeta — cerca de 4 em cada 5.
Crianças e adolescentes não fazem parte do grupo de risco da Covid-19, mas podem atuar como importantes transmissores da doença ao transitar entre as escolas e suas casas, mesmo que não apresentem sintomas.
Além disso, salas de aulas são ambientes propícios à propagação do vírus, já que o espaço entre os alunos é pequeno (normalmente menor do 1,5 m recomendado pela Organização Mundial de Saúde) e as atividades envolvem contato entre eles. Manter escolas abertas também aumenta o risco de infecção dos professores e funcionários que seguem trabalhando.
Em geral, a medida tem sido tomada em conjunto com outras que vetam aglomerações e desincentivam o contato social.
Segundo a Unesco, Estados Unidos, Indonésia, Fiji e Filipinas mantêm parte das escolas funcionando. Na Suécia, escolas infantis estão autorizadas a abrir, ainda que muitas tenham fechado. Nesses países, não houve, até o momento, uma ordem para fechar todos os estabelecimentos.
Nas Américas, Nicarágua, Haiti, Guiana, Suriname e Guiana Francesa têm suas escolas abertas. Na Argentina, por exemplo, as aulas estão suspensas desde a segunda passada (16).
Na Europa, com exceção de Belarus, que ainda mantém as atividades escolares, e da Suécia, todos os países fecharam as escolas —Alemanha, Espanha, França, Reino Unido e Suíça estão entre eles.
A Itália, o país mais afetado da região, adotou a medida no dia 4 de março, mas muitas escolas do norte já haviam suspendido as atividades antes mesmo da decisão do governo.
O cenário se repete no Oriente Médio. A maioria dos países fechou todos os estabelecimentos de ensino. As exceções são Eritreia, Omã e Iêmen —este vive, desde 2014, uma guerra civil que destruiu seu sistema educacional.
Na África, países em que as escolas ainda funcionam também são exceção.
A Austrália é um dos poucos países com um alto número de casos (2.044 até esta terça) que ainda mantém todas as escolas abertas.
Fonte: Folha de S.Paulo