Quantidade e qualidade do emprego estão deteriorando rapidamente em virtude da pandemia, alerta a Organização Internacional do Trabalho
A pandemia do coronavírus poderá destruir até 25 milhões de empregos globalmente, com prejuízos bilionários que vão afetar o consumo e aumentar a pobreza, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
As perspectivas para a economia global, quantidade e qualidade do emprego estão deteriorando rapidamente, alerta a organização. Indicadores apontam para forte impacto negativo para a economia global no primeiro semestre, com chances de se estender. E considera preocupantes os sinais crescentes de recessão econômica global.
O declínio na atividade econômica e as restrições nos movimentos das pessoas estão afetando a manufatura e os serviços. As cadeias de suprimentos globais e regionais foram interrompidas. O setor de serviços, turismo, viagens e varejo são especialmente vulneráveis. Uma avaliação inicial do Conselho Mundial de Comércio e Turismo prevê declínio de até 25% nas chegadas internacionais em 2020, o que colocaria milhões de empregos em risco.
Baseando-se no impacto da covid-19 sobre o crescimento econômico mundial, a OIT examina dois cenários. No moderado, a crise pode levar a 5,3 milhões a mais de desempregados. No pior, o desemprego atinge 24,7 milhões de pessoas. Em comparação, a crise financeira global de 2008 e 2009 destruiu 22 milhões de empregos.
No pior cenário, a covid-19 pode elevar o desemprego global para mais de 200 milhões, de 188 milhões em 2019. O subemprego também deve aumentar.
Segundo o estudo, a perda de renda pelos trabalhadores ficará entre US$ 860 bilhões e US$ 3,4 trilhões até o fim do ano, com a crise econômica provocada pelo vírus. Isso reduzirá o consumo de bens e serviços, afetando as perspectivas para as empresas já combalidas. O declínio da atividade econômica vai “devastar” parte dos trabalhadores, jogando-os na pobreza.
A OIT estima que o número de pessoas que trabalham mas continuam pobres deve crescer de 8,8 milhões a 35 milhões neste ano. Inicialmente, a organização previa 14 milhões a menos em 2020. Certos grupos serão mais afetados pelo desemprego, incluindo jovens e trabalhadores mais idosos, mulheres e migrantes.
Mas a OIT argumenta que, se houver uma resposta coordenada internacional como aconteceu na crise financeira global de 2008 e 2009, o impacto sobre o desemprego global pode ser bem menor. A entidade conclamou os governos a proteger os trabalhadores no local de trabalho, estimular a economia e o emprego, e assegurar emprego e renda.
Em janeiro, antes do agravamento da crise do coronavírus, a OIT projetava para o Brasil mais de 12 milhões de desempregados pelos próximos cinco anos. No estudo publicado ontem, a organização não faz uma análise por país ou região. Mas com o risco de o país entrar em recessão, o número de desempregados poderá ser bem maior.