Estudo prevê até 4.970 casos nos próximos oito dias no Brasil

Pesquisadores da PUC-Rio e da Fiocruz monitoram a evolução da doença no país

Em função da evolução do Coronavírus (COVID-19) no Brasil e no mundo, 11 pesquisadores do Departamento de Engenharia Industrial do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio), do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro criaram o Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS) para utilizarem a inteligência computacional aplicada à previsão da evolução do COVID-19 no País. Enquanto a doença estiver em curso no Brasil, o grupo irá lançar atualizações periodicamente. No dia 16, o primeiro resultado do estudo trouxe a projeção de casos de infecção por COVID-19 no Brasil até 26 de março, que pode variar de 2314 a 4970 casos. Os pesquisadores, no entanto, reforçam que o número final irá depender diretamente da disponibilidade de recursos, das ações de contenção da população, da estratégia de testagem e notificação de novos casos, e da reação dos cidadãos com relação às medidas de prevenção, que devem ser seguidas.

A partir das predições, se espera um crescimento exponencial da doença COVID-19 no Brasil até 26 de março. Segundo o artigo, desde 26 de fevereiro, quando foi detectado o 1º caso no país, a doença cresceu 32% ao dia, chegando a 200 casos confirmados em 15 de março. Em apenas dez dias (26/03/20), esse número pode chegar a um total de 3750 casos (cenário mediano), podendo variar entre 2314 casos (cenário otimista) e 4970 casos (cenário pessimista). O Estado de SP será responsável por 68% dos casos, com uma média de 2550 infectados, podendo chegar a 3380 confirmações. O RJ pode passar de 24 casos em 15 de março para 596 em 26 de março, um aumento de 24 vezes em uma previsão mais conservadora.

Em comparação com outros oito países — Irã, Itália, Coréia do Sul, Espanha, França, Alemanha, China e EUA — ficou evidente que a velocidade da evolução da pandemia, de forma geral, é muito rápida e depende de vários fatores, incluindo medidas de contenção, comportamento da população e quantidade de recursos disponíveis, dentre outros. A abordagem utilizada no estudo replicou as taxas de crescimento observadas nestes países para projetar novos casos de infecção por COVID-19 no Brasil.

As predições realizadas pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS) foram baseadas nos dados brasileiros e internacionais disponíveis até 15 de março de 2020. Elas serão atualizadas nos próximos dias em função da notificação de novos casos, do número de casos testados e de pacientes hospitalizados. Os pesquisadores também estão estimando a necessidade de leitos em hospitais públicos no Brasil. Os modelos preditivos deverão ser aprimorados para considerar os eventos de contenção da epidemia em vários lugares do mundo.

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