Por Raul Valentim da Silva
O cenário brasileiro da educação mostra-se bastante preocupante e desafiador. As universidades federais continuam desempenhando um papel de alta relevância. A união de esforços destas entidades pode propiciar melhorias muito benéficas para a sociedade e para a humanidade.
A Apufsc vem desenvolvendo um processo de aproximação com sindicatos nacionais. Tentativas anteriores não tiveram sucesso. No dia 24 de março próximo está programado o reinício deste processo com a escolha de um parceiro dentre o Andes e o Proifes.
Em artigos disponíveis no site da Apufsc, o advogado do nosso sindicato, Prudente Mello, e membros da diretoria atual e anterior esclarecem as implicações jurídicas, patrimoniais e funcionais associadas a cada um destas duas alternativas.
Analisando tais implicações, considero que o Proifes pode ser um parceiro bem mais apropriado para a Apufsc. O processo decisório que implantamos, por exemplo, mostra-se bastante mais eficaz e democrático do que aquele utilizado pelas seções sindicais do Andes.
Tenho o hábito de ler as conclusões dos congressos anuais do Andes. Este sindicato nacional dispõe de um imenso potencial para envolver o sistema universitário brasileiro num processo construtivo de um almejado projeto de nação. A leitura destas conclusões tem sido altamente decepcionante.
A leitura da Carta de São Paulo, resultante dos trabalhos de 39º Congresso realizado em fevereiro, continuou nesta linha de frustração. Adotando uma postura reativa o Andes simplesmente utiliza teses da oposição ao governo federal, sem apresentar propostas realmente construtivas. A greve nacional e a deposição do presidente da república são alternativas apresentadas.
O Proifes é formado por sindicatos do sistema público federal. O Andes tem como filiadas, além das federais, um grande número de universidades estaduais e municipais, caracterizadas por uma alta diversidade de situações e reivindicações. Para a Apufsc, o ambiente de cooperação do Proifes me parece bem mais apropriado. O trabalho na Andifes mostra-se bem mais eficaz do que aquele desenvolvido pelos reitores no CRUB.
No congresso de São Paulo do Andes participaram 86 seções sindicais e estavam presentes 34 diretores. Estes números mostram um complexo sistema burocrático em que a participação futura da Apusfc seria apenas marginal. Dentro dessa complexidade e diversidade é muito difícil inovar, restando apenas aprovar mais do mesmo e permanecer no passado.
O Proifes é formado por 11 sindicatos federados incluindo Estados como Ceará, Goiás, Bahia, Pará e Maranhão e universidades como UFRGS, UFSCAR e UFRN. Como acontece na UFSC, o Andes tem constituído seções sindicais em locais que desrespeitam a Constituição Federal.
O Andes é filiado à CSP-Conlutas que tem como missão implantar o socialismo no Brasil. Esta Central tem mostrado estreita vinculação com dois partidos políticos. O PSTU vem sendo rejeitado em todos os quadrantes do Brasil. Na última eleição municipal conseguiu eleger apenas dois dos 57931 vereadores eleitos e nenhum prefeito. O PSOL teve um desempenho melhor, mas conseguiu eleger apenas dois prefeitos nos 5568 municípios brasileiros. No Congresso do Andes a permanência na CSP-Conlutas foi aprovada após cinco horas de debates.
Em termos institucionais, creio que temos muito mais a ganhar com a filiação ao Proifes. Classifico o retorno ao Andes como um retrocesso. De maneira ilegal e antidemocrática, o Andes, rejeitado pelos professores da UFSC, manteve uma seção sindical no Campus. Se os professores tivessem se arrependido da rejeição, a maioria certamente já teria retornado ao Andes.
Raul Valentim da Silva – professor aposentado