Contratações de efetivos e substitutos suspensas por tempo indeterminado, 80% de corte no fomento do CNPq, 35% de corte no custeio da UFSC, diminuição drástica das bolsas da Capes. Os professores, obrigados a assumir mais disciplinas, terão já o salário líquido diminuído pelo desconto da previdência. E o orçamento da Universidade não cobre nem mesmo o pagamento desses salários até o fim do ano.
Essa é a situação que encontramos já no início do ano letivo, mas o saco de maldades contra a educação, a ciência e o funcionalismo público parece não ter fundo.
A PEC da Reforma Administrativa, enviada ao congresso pelo governo, destrói nossa carreira, duramente conquistada em muitas lutas. A desculpa de que não afeta os atuais servidores é difícil de acreditar. Haverá reposição salarial da carreira que entra em extinção, a partir da criação da nova, desvalorizada? Haverá unidade da categoria para se defender, quando dividida entre “vacas gordas” e proletários?
Outra PEC, a “emergencial”, virá em seguida, e prevê nada menos que o corte de até 25% da jornada de trabalho e dos salários dos servidores, toda vez que as contas públicas estiverem no vermelho, como já estão agora. A previsão de sua aprovação certa no Congresso é o que pode explicar o orçamento que não cobre os salários do ano: nele já estaria previsto o corte. Tudo isso para assegurar o pagamento de juros da dívida pública aos banqueiros e rentistas, que já consome atualmente 50% da arrecadação total de impostos.
Não fosse o suficiente, a presidência da República dá sinais cada vez mais evidentes de inclinação autoritária, incentivando inclusive movimentos extremistas contrários à democracia. Assim, talvez seja apenas uma questão de tempo querer intervir nas universidades, o que tornaria o ambiente acadêmico hostil à vida intelectual, como já se viu acontecer no passado. Quanto menos democracia tivermos, também será mais fácil nos retirarem os direitos que até agora tínhamos como garantidos.
E nós, professores, vamos assistir a tudo isso de cabeça baixa? Ou vamos nos unir em nosso Sindicato para resistir?
Apesar de tudo isso, a Diretoria deseja boas vindas e bom retorno ao trabalho.
Por Diretoria da Apufsc-Sindical
Nota publicada originalmente na seção “Carta da Diretoria” do Boletim Mural n° 832