Mulheres, estudantes e sindicatos adaptam protestos em reação a ato endossado por Bolsonaro

Manifestações que já estavam marcadas para março ganharão tom de resposta ao dia 15

Atos de rua que já vinham sendo organizados por grupos de mulheres, organizações estudantis e centrais sindicais para o mês de março foram ampliados para incorporar uma resposta à manifestação que mira o Congresso endossada pelo presidente Jair Bolsonaro.

Líderes dos atos de oposição ao governo se mobilizaram nas últimas horas para discutir a reação à convocação dos bolsonaristas, agendada para o próximo dia 15. Na terça-feira (25), Bolsonaro estimulou a iniciativa de seus apoiadores ao encaminhar a amigos um vídeo em apoio ao protesto. 

Três grandes atos vinham sendo preparados por opositores para março: um no dia 8, por ocasião do Dia Internacional da Mulher; outro no dia 14, quando se completam dois anos do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL); e outro no dia 18, em defesa da educação.

Os eventos, que são propagados por meio de redes sociais e devem ocorrer em vários estados, são organizados por movimentos feministas, por entidades sindicais e pela UNE (União Nacional dos Estudantes), com o apoio de partidos de esquerda como PSOL, PT e PC do B.

Porta-vozes confirmaram à Folha que os motes iniciais ganharão agora a companhia de bandeiras como a defesa da ordem democrática e da Constituição, em contraposição a pautas autoritárias levantadas por parte dos grupos apoiadores do ato do dia 15 — como fechamento do Congresso e pedido de intervenção militar.

Forças sindicais

Nesta quinta-feira (27), representantes de dez centrais sindicais se reuniram em São Paulo e decidiram que todas as atividades em defesa de trabalhadores marcadas para março serão ampliadas com a reação ao ato reverberado por Bolsonaro.

O foco inicial era fazer uma série de paralisações e protestos, especialmente na área da educação pública, no dia 18. Organizações como CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular Conlutas) estão à frente da mobilização.

“O momento político é delicado, pois a convocatória para uma manifestação contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal se soma a outros episódios de ataque à nossa democracia por parte do presidente da República e seu grupo político”, afirmaram as centrais, em nota.

Segundo Atnágoras Lopes, da secretaria executiva da CSP-Conlutas, “diante do claro risco às liberdades democráticas, houve a decisão conjunta de incorporar as ameaças mais recentes ao chamado do dia 18, que também busca a valorização do serviço público”.


Leia na íntegra: Folha de S. Paulo