Segundo o ministro, as queixas partiram de militantes partidários, de pessoas que não entendem o sistema ou de alunos que foram mal na prova e, para seus pais, colocaram a culpa em Weintraub
Na primeira aparição pública, 24 dias após a divulgação de erros no Enem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, minimizou as falhas no exame e no Sisu e disse que governo sofre “chuva de fake news”.
Weintraub participou nesta terça-feira (11) de audiência na Comissão de Educação do Senado. O ministro do governo Jair Bolsonaro foi convidado a comparecer à Casa para prestar esclarecimentos sobre os erros do Enem 2019 e do Sisu. O encontro teve início às 11h e terminou por volta das 14h.
Ele voltou a falar que a última edição do exame foi a melhor de todos os tempos. “Eu não prometi que seria, mais foi o melhor Enem de todos os tempos. Não estou falando que não teve nenhum erro, que foi perfeito”, disse.
“Não houve fraude, furto de prova, vazamento de questão, esquema com gráfica, nada do que caracterizava o Enem dos passados”, diz. Mesmo sem apresentar provas, Weintraub disse que o erro da edição 2019 “provavelmente ocorreu” em anos anteriores.
O ministro havia dito que o Enem 2019 havia sido o melhor de todos os tempos mas no dia seguinte assumiu os erros com notas do Enem. O governo informou que 5.974 candidatos tiveram notas divulgadas com erros e depois o desempenho foi corrigido.
Nesta terça-feira, Weintraub disse que, desses 5.974 participantes com erros nas notas, 874 eram candidatos “treineiros” (que ainda não terminaram o ensino médio). A nota dos “treineiros” ainda não foi divulgada.
O Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que reúne as vagas de instituições que usam a nota do Enem para selecionar alunos, acumulou uma série de falhas. O último erro foi na transmissão da relação de aprovados a partir da lista de espera, o que atrasou a convocação por parte das universidades federais.
De acordo com Weintraub, foi ele mesmo quem identificou as reclamações sobre notas nas redes sociais e repassou ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais). “Antes de abrir o Sisu já havíamos detectado o erro e nós avisamos a imprensa, comunicamos as pessoas”, disse.
As queixas sobre o Enem e Sisu partiram, segundo o ministro, de militantes partidários, de pessoas que não entendem o sistema ou de alunos que foram mal na prova e, para seus pais, colocaram a culpa em Weintraub.
Ele voltou a acusar a imprensa por “fazer terrorismo” com relação ao Enem e ao governo. Em sua apresentação, o ministro mostrou imagens de reportagens de veículos de imprensa, como a Folha, para argumentar que houve distorções ou mentiras.
“Desde
o começo, alguns grupos parlamentares, alguns grupos econômicos e alguns meios
de comunicação hegemônicos adotaram uma linha extremamente terrorista no
processo”, disse.
Além de falar sobre Enem, o ministro apresentou um resumo de ações do MEC.
Senadores cobraram o ministro com relação ao Fundeb, principal mecanismo de financiamento da educação básica, e o intuito de encaminhar um texto de autoria do governo (preterindo o texto já em trâmite).
“Por que vou mandar? Porque tem muito ruído, é para marcar posição do governo”, disse Weintraub. O Fundeb, cuja vigência acaba neste ano, é discutido no Congresso desde 2015 e o tema foi alvo de intenso debate no ano passado.
A Folha revelou na última sexta-feira (7) que o governo quer agora um fundo com prazo de validade, e não mais permanente, como consta nas propostas em trâmite no Congresso. Questionado sobre isso, Weintraub não comentou.
O ministro também defendeu o fato de o MEC ter sido o único ministério a não executar em 2019 os recursos resgatados pela Operação Lava Jato. Ao MEC coube R$ 1 bilhão de um total de R$ 2, 6 bilhões
O governo pretende aplicar o dinheiro em um programa de creches, com a participação da iniciativa privada.
“Seria um problema se eu pegasse R$ 1 bilhão e fizesse um monte de esqueleto [de prédios de creche]”, disse ele, fazendo relação às obras paralisadas. Weintraub não deu detalhes sobre o programa, mas disse que ele deve gerar a criação de 1 milhão de vagas, sobretudo nas regiões nordeste e norte.