Defensor João Paulo Dorini alega que o ministro cometeu “seríssima ofensa ao princípio da impessoalidade”, pilar da administração pública
A Defensoria Pública da União (DPU) apresentou um documento à Justiça nesta segunda-feira (27) contra o ministro da Educação, Abraham Weintraub. A alegação refere-se à atitude de Weintraub que, no sábado, atendeu pelo Twitter o pedido de um apoiador que solicitou a revisão da nota do Enem realizado pela filha. A representação foi protocolada como um acréscimo na decisão da Justiça federal de São Paulo que, em decisão provisória, levou à suspensão da divulgação de resultados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
O defensor João Paulo Dorini, que assina a manifestação, argumenta que Weintraub cometeu “seríssima ofensa ao princípio da impessoalidade” — um pilar da administração pública, previsto na Constituição Federal. Dorini questionou ainda a decisão do ministro em aceitar pedidos informais por redes sociais, enquanto o mesmo não foi feito com os estudantes que fizeram a solicitação pelo canal da Administração. “E por que não se informa adequadamente cada um dos solicitantes da revisão, caso de fato ela já tenha sido realizada, já que o próprio Ministro da Educação pôde fazê-lo pelas redes sociais para alguém que aparentemente ele sequer conhece pessoalmente?”, questiona.
Weintraub responde a pedidos pelo Twitter
No último sábado (25), um perfil identificado como Carlos Santanna, mencionou o ministro no Twitter informando a inscrição da filha e afirmando que a candidata foi prejudicada. “Ministro, minha filha tem certeza que a prova do Enem dela não teve a correção adequada e que ela foi prejudicada. E agora? A Inês é morta? O Sisu termina amanhã”, escreveu.
Weintraub respondeu ao apoiador com um print screen de uma mensagem privada trocada com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Alexandre Lopes, responsável pela realização da prova.
Lopes afirma que irá checar a inscrição em questão e, em seguida, responde relatando que não houve erros de associação no caso da candidata. Ele se refere a um erro com os códigos da prova que teriam causado problemas nas notas de cerca de 6.000 provas.
Ainda no sábado, o ministro também publicou em suas redes sociais que estavam sendo dadas respostas individuais, inclusive por telefone, para candidatos prejudicados pelos erros. “Quando isso foi feito no passado? Evidentemente, entramos no perfil do queixoso para verificar se a pessoa é realmente estudante”, escreveu. A informação foi contrariada em nota enviada pelo Inep à Folha de S. Paulo.
Leia na íntegra: O Globo