“A gente vai passar um aperto de novo”, diz o ministro, que assegurou o pagamento das atuais bolsas do CNPq
Em entrevista concedida ao UOL e à Folha de S.Paulo, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Marcos Pontes, que em 2019 já reclamou do orçamento insuficiente para a pasta, voltou a queixar-se da insuficiência de recursos. Ele prevê dificuldades também para este ano, no qual a pasta terá uma verba de R$ 11,7 bilhões.
“A gente vai passar um aperto de novo. Você tem que criar certas prioridades dentro do ministério”, disse. Mesmo assim, o ministro afirmou que está garantido o pagamento de todas as atuais bolsas de pesquisa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O que preocupa, disse ele, são os recursos de fomento e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico.
Marcos Pontes rechaçou ainda a possibilidade, aventada no ano passado, de fusão do CNPq e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Centros de pesquisa na Amazônia e leilão para a rede 5G
O ministro também disse que espera ver em 2020 a criação de ao menos dois centros de pesquisa na floresta amazônica e a realização do leilão para implementar a rede 5G no Brasil. Pontes disse esperar que o leilão, que estava previsto para março e foi adiado por problemas técnicos, aconteça até o fim do ano e que a internet ultrarrápida esteja funcionando em parte do país no início de 2022. “Essa é a minha estimativa. A Anatel já falou ‘acho que vai ficar para 2021’. Estamos discutindo isso ainda.”
O ministro também afirmou que pretende ter prontos, até dezembro, dois laboratórios-pilotos para pesquisa da biodiversidade da Amazônia e de ativos que podem ser aplicados em produtos comerciais, como novos remédios e cosméticos. Segundo ele, o governo vai aproveitar infraestrutura existente na região. “Por exemplo, quartéis do Exército. [A ideia é] colocar pesquisadores no meio da floresta de forma que eles possam trabalhar com as comunidades locais”, disse.
O ministro, que é astronauta, também disse à reportagem que espera inaugurar, em 2022, os lançamentos comerciais de foguetes no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. Único brasileiro a ir ao espaço, Pontes afirmou que achar que a terra é plana, como já sugeriu o escritor Olavo de Carvalho, que inspira a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e integrantes do governo, é uma “coisa antiga”.
Já sobre a nova base do Brasil na Antártica, que substituirá a destruída por um incêndio em 2012, ele afirmou que o local terá 17 laboratórios de pesquisas avançadas em biologia, ecologia e mudanças climáticas. Pontes vai inaugurar a primeira parte da nova Estação Antártica Comandante Ferraz na próxima terça-feira (14), ao lado do vice-presidente, general Antônio Hamilton Mourão (PRTB).
A entrevista completa está disponível em podcast e no Youtube.
Fonte: Uol Notícias