Presidente e ministro não souberam apontar qualquer exemplo de ‘doutrinação’ que tenha sido encontrado
Apesar do desejo do presidente Jair Bolsonaro de “suavizar” livros didáticos a partir de 2021, o conteúdo dos materiais distribuídos nas escolas públicas não deverá sofrer mudanças drásticas, segundo o secretário executivo do Ministério da Educação, Antonio Paulo Vogel.
“O livro didático é um livro de ensino, e acabou. As matérias estavam todas lá. Não há nenhuma grande novidade nessa história. Vamos deixar acontecer. Os senhores vão vendo à medida em que for acontecendo”, frisou Vogel ao ser questionado sobre as novas características dos conteúdos.
Diante da insistência de jornalistas sobre quais serão os reflexos práticos da “suavização” nos livros, o secretário executivo disse que não tinha mais nada a falar sobre isso. Também não disse se algum problema de “doutrinação” foi identificado nos livros didáticos atualmente em circulação.
“Não tenho mais o que comentar. Os editais vão sair no momento correto. Os livros serão entregues no momento correto. Não vai ter nada, enfim, de muito diferente. Não tenho mais o que falar”, encerrou.
As declarações foram feitas durante café da manhã oferecido a jornalistas pelo ministro Abraham Weintraub. O chefe do MEC usou a ocasião para fazer um balanço da gestão e para apresentar resultados de 2019. Na apresentação, o ministro também defendeu o “fim da doutrinação” via livros.
“O livro didático, a função é ensinar. A função não é doutrinar. É como foi o Enem. Em qual questão tentamos doutrinar? Zero. O que a gente quer fazer não é doutrinar, é simplesmente que elas vão para a escola e voltem melhores do que foram”, disse.
O comentário de Bolsonaro sobre livros foi feito em fala direcionada a apoiadores que o aguardavam em frente ao Palácio da Alvorada, na última sexta-feira (03). “Os livros hoje em dia, como regra, é um montão, um amontoado… Muita coisa escrita, tem que suavizar aquilo”, afirmou o presidente.
Em uma transmissão ao vivo ao lado do presidente na última terça-feira (7) Weintraub ainda garantiu que a pasta deu uma “boa limpada” no material didático. “Já saiu muita porcaria, mas ainda vai (sair) alguns (livros) que a gente não gosta”, disse Weintraub.
Leia na íntegra: Estadão