Entre janeiro e dezembro deste ano, 256 professores se filiaram ao sindicato, fazendo o número de sindicalizados saltar para 3.074
Em um ano marcado pelo desmonte do sistema nacional de ciência e tecnologia, por ataques do governo às universidades públicas e aos docentes, além de bloqueios de verbas para educação e de uma nova previdência que retira direitos dos servidores, a Apufsc chega ao fim de 2019 com um boa notícia e com a expectativa de começar 2020 fortalecida. Nos últimos 12 meses, o sindicato acolheu 256 novos filiados – número recorde em um década e que representa o dobro de novos sindicalizados registrados em 2017 e 2018 (se somados os dois anos).
Com os novos professores, a Apufsc ultrapassou a marca de 3 mil filiados este ano, chegando a 3.074. “Estamos felizes por esse interesse pela atividade sindical. O aumento expressivo do número de filiados reflete nossa proposta de retomar um sindicato de lutas”, diz Bebeto Marques, presidente da Apufsc. “E nós fizemos isso com respeito às regras do sindicato, à pluralidade de ideias e fornecendo as melhores informações para que os sindicalizados se posicionassem.”
Na última década, o ano em que a Apufsc mais havia registrado filiações foi o de 2016, com 195 novos sindicalizados. Entre os principais fatores está a URP, já que naquele ano a UFSC notificou os professores a devolverem os valores recebidos através da Unidade de Referência de Preços (URP) entre janeiro de 2001 e dezembro de 2007. Muitos docentes buscaram auxílio jurídico do sindicato e se filiaram.
Para o ano que vem, um dos desafios é atrair os jovens professores para a luta sindical. Hoje, do total de filiados, 55% são aposentados e pensionistas. “Queremos que os docentes que ingressaram recentemente na universidade se filiem ao sindicato e ajudem a construir a defesa da universidade pública e a defesa dos direitos dos professores da nossa universidade”, disse Bebeto.
Ano de lutas
Em 2019, a Apufsc foi para as ruas e atuou ativamente contra o bloqueio orçamentário que deixou as universidades sem 30% dos recursos de custeio por mais de seis meses e contra o corte das bolsas de pesquisa. Neste ano, CNPq e Capes retiraram mais de 15.000 bolsas do sistema e os cerca de 80.000 bolsistas do CNPq tiveram de ligar com a ameaça de não receber o benefício no segundo semestre.
A Apufsc também aderiu ao Observatório do Conhecimento, uma rede de sindicatos e associações que atuam na defesa das universidades públicas e gratuitas e da liberdade acadêmica. Com essa parceria, ampliou sua presença em Brasília e a interlocução com deputados e senadores.
Em meio à luta contra a reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, o sindicato promoveu debates, seminários e muniu os professores de informação sobre as mudanças na aposentadoria, que acabaram sendo inevitáveis, mas que poderiam ter sido piores sem a mobilização dos trabalhadores. O sistema de capitalização desejado pelo ministro da Economia Paulo Guedes foi barrado.
Informação, aliás, foi uma das armas do sindicato contra os ataques descabidos às universidades e aos professores universitários, vindos principalmente de quem deveria defendê-los. A Apufsc lançou em outubro seu novo site, em mais uma etapa da reformulação da política de comunicação do sindicato. Para a volta às aulas, a equipe de imprensa prepara a reedição da Revista Plural, com os resultados da pesquisa feita em parceria com o Laboratório de Sociologia de Trabalho (Lastro) da UFSC, para traçar o perfil dos professores da universidade.
Assista ao vídeo: Por que se filiar à Apufsc