Nota da Universidade destaca que fato é grave principalmente por partir de um gestor público cujo papel é o de promover a Educação
A Universidade de Brasília (UnB) divulgou na tarde de domingo (24) uma nota de repúdio sobre uma postagem do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Ele retuitou um vídeo com a notícia de que dois alunos da Universidade mantinham plantações de maconha no local. Segundo a instituição, a operação referida foi realizada em abril de 2017, em uma área não localizada na UnB e, após investigação, não houve confirmação de autoria de crime pelos dois estudantes.
“A Administração repudia veementemente a associação equivocada da imagem da Universidade a práticas ilícitas. O fato é ainda mais grave quando ocorre de maneira recorrente e por parte de um gestor público cujo papel é o de promover a educação, em seus diversos níveis”, diz um trecho do documento assinado pela reitora Márcia Abrahão e o vice-reitor, Enrique Huelva.
E emendou: “As manifestações do ministro demonstram profundo desconhecimento e desrespeito acerca do papel constitucional de nossa instituição. Assim como outras universidades públicas federais, a Universidade de Brasília é patrimônio de todo o povo brasileiro”.
Em outras ocasiões, Weintraub já destacou o desejo em substituir os vigilantes da segurança por policiais militares na universidade. A reitora, por sua vez, reforçou que a vigilância da UnB já é feita dentro da legalidade e que a PM cumpre o papel de vigilância externa. “Não podemos, até por força legal, dar uma atribuição da instituição para um órgão de segurança do DF”.
Veja a nota na íntegra:
“A Administração da Universidade de Brasília (UnB) tomou conhecimento de um post divulgado no Twitter pelo ministro da Educação com referência a uma operação policial ocorrida em área supostamente da UnB. A esse respeito, esclarecemos que:
1. A referida operação foi realizada em abril de 2017, em uma área não localizada na UnB. Trata-se de área de Cerrado próxima ao campus Darcy Ribeiro. Foram apreendidos vasos com maconha no local. Segundo as primeiras impressões da polícia, as plantas eram mantidas por um grupo, sendo dois estudantes da Universidade e uma terceira pessoa não pertencente à comunidade acadêmica. Na ocasião, as forças de segurança da Universidade deram todo o apoio à polícia.
2. Imediatamente, a Administração determinou a abertura de uma sindicância interna, para a apuração de responsabilidades. No processo, foi confirmado, por meio de um parecer técnico, que o local da apreensão não pertence à UnB.
3. Após a apuração, não houve, na Justiça, confirmação de autoria de crime pelos dois estudantes. Dessa forma, eles não foram condenados. A comissão de sindicância interna recomendou o arquivamento do processo.
A Administração repudia veementemente a associação equivocada da imagem da Universidade a práticas ilícitas. O fato é ainda mais grave quando ocorre de maneira recorrente e por parte de um gestor público cujo papel é o de promover a educação, em seus diversos níveis.
A UnB é uma das principais instituições de ensino superior da América Latina e a oitava melhor do Brasil, segundo o ranking Times Higher Education (THE), com crescente excelência acadêmica, nas mais diversas áreas. As manifestações do ministro demonstram profundo desconhecimento e desrespeito acerca do papel constitucional de nossa instituição. Assim como outras universidades públicas federais, a Universidade de Brasília é patrimônio de todo o povo brasileiro.
É importante esclarecer que a UnB atua dentro da legalidade e vem aprimorando suas estratégias e ações de segurança, com medidas como a colocação de câmeras e de cadeiras elevadas nos estacionamentos. Mesmo com seu maior campus (Darcy Ribeiro) totalmente aberto e integrado à cidade, as medidas já promoveram a redução de 86% nas ocorrências no local, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do DF. Além disso, a questão das drogas afeta toda a sociedade e é, portanto, um desafio para o poder público de maneira geral.
A Universidade reitera o compromisso com sua missão institucional, educadora, para a melhoria das condições de vida da população e o desenvolvimento socioeconômico no DF e do país”.
Leia na íntegra: Correio Braziliense