Ao longo de três meses, GT tentou negociar com sete operadoras de saúde e estudou modelo de autogestão
Nos últimos três meses, o Grupo de Trabalho criado pela Apufsc para analisar alternativas ao plano de saúde da UFSC tentou negociar com as principais operadoras que atuam em Santa Catarina uma proposta que sacrificasse menos os professores da universidade, especialmente os mais velhos. As mensalidades do novo contrato da UFSC com a Unimed, que venceu o pregão no início de novembro, chegam a dobrar de valor para os professores com mais de 59 anos. Depois de entrar em contato com sete operadoras, o GT concluiu que o custo-benefício dos planos que foram oferecidos à Apufsc como alternativa não atende à categoria.
As conversas chegaram a avançar com os representantes da Bem Estar Saúde, empresa da Confederação dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Florianópolis, que comercializa na cidade os planos da Premium Saúde, uma operadora de Belo Horizonte. Uma das propostas da empresa que chamou atenção do GT incluía internação em apartamento, com 50% de coparticipação, cobertura regional, por R$ 766,94 mensais para professores com mais de 59 anos – os mais penalizados pelo novo plano da Unimed. Para comparação, a tabela de preços no edital aberto pela UFSC previa mensalidades de R$ 1.058,91 para esse grupo de professores no Plano Tipo 2 (apartamento, sem odontologia, cobertura Estadual). A economia seria de quase R$ 300. Com os descontos negociados pela Prodegesp com a Unimed, o valor final do plano Tipo 2 oferecido no contrato da Unimed com a Universidade ficou em R$ 995,38.
O Grupo de Trabalho vinha negociando, inclusive, parcerias com a CDL, que gerariam outros benefícios para os docentes, como descontos em estabelecimentos comerciais associados à Confederação e cursos gratuitos promovidos pela entidade. Na última terça-feira, véspera da reunião aberta marcada para apresentar a proposta a todos os professores, a CDL mudou a proposta e comunicou à Apufsc que o plano excluía aposentados, pensionistas e cônjuges com mais de 65 anos – o que o sindicato considerou inaceitável. A reunião acabou sendo cancelada.
As outras propostas feitas à Apufsc, desde o princípio, mostraram-se desvantajosas. O plano que a Unimed poderia oferecer ao sindicato seria semelhante ao firmado pela operadora com a UFSC, também por faixa etária, mas valores superiores aos praticados no contrato com a universidade. Para um casal com mais de 59 anos, por exemplo, o Plano Tipo 1, que é o mais usado pelos servidores da UFSC, sai por R$ 2.188 pelo novo contrato da UFSC, já com os descontos negociados pela Prodegesp. O mesmo plano oferecido para a Apufsc, para um casal com mais de 59 anos, ficaria em R$ 2.204.
O Grupo de Trabalho também buscou informações com a Agemed, mas descartou a proposta da operadora ao constatar que a empresa passa por problemas de gestão, com um alto nível de reclamação entre seus usuários.
As grandes operadoras de saúde do País também foram consultadas, mas os preços são significativamente mais altos que o da Unimed no novo contrato com a UFSC. Por isso, também foram descartados. Por fim, o GT também analisou informações da Life Day, uma operadora pequena, regional, que atende 15 mil vidas. Mas embora os preços fossem mais baixos (de R$ 121,95 a até R$ 706, de acordo com a faixa etária), o sistema de co-participação era desvantajoso e a empresa não tinha uma boa cobertura de médicos, clínicas e hospitais credenciados.
Uma das alternativas que o Grupo de Trabalho da Apufsc chegou a analisar foi o de um modelo de autogestão dos planos de saúde dos servidores da UFSC. O GT buscou informações com os representantes da Agros, um Fundo de Pensão criado na década de 80 para suplementar a previdência dos funcionários da Universidade Federal de Viçosa e que mais tarde passou a oferecer também planos de saúde. O Agros tem quase 6 mil participantes em seus planos previdenciários e 16,3 mil beneficiários dos Planos de Saúde.
Esse modelo de autogestão, no entanto, não poderia ser realizado pela Apufsc, enquanto sindicato. Essa precisaria ser uma iniciativa da universidade.
Ao longo dos três meses de atuação, o GT fez reuniões com a Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodegesp) e acompanhou de perto a licitação para contratação da nova operadora de saúde da UFSC.
Depois de três pregões que não se concretizaram por falta de interessados, a administração reelaborou o edital na tentativa de melhorá-lo. O pregão marcado inicialmente para outubro ocorreu no dia 5 de novembro e teve a Unimed como única participante.
O Grupo de Trabalho é formado pelos professores Edinice Mei Silva, Fernando Cabral, Honório Domingos Benedet, Carlos Antônio Oliveira Vieira e os funcionários da Apufsc, Carlos Henrique Machado e Michelle Godinho.
A Apufsc entende o drama dos professores, principalmente dos mais velhos, e vai continuar, por meio do Grupo de Trabalho, buscando alternativas melhores para os docentes que o atual contrato.