Ministro da educação recebeu “dossiê” de deputado estadual catarinense; Weintraub também ameaçou UnB
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que vai “caçar quem fica fazendo balbúrdia” na UFSC após receber um dossiê de atividades de esquerda em reunião com o deputado estadual Jessé Lopes (PSL/SC). O deputado publicou um vídeo do encontro nas redes sociais.
“Obrigado, Jessé. Já tenho com o que me divertir”, diz Weintraub no vídeo. “Vou abrir uns PADzinhos [Processo Administrativo Disciplinar, instrumento de punição a servidores federais], caçar o pessoal que, em vez de estar trabalhando pra devolver pro pagador de imposto o dinheiro suado, fica fazendo balbúrdia.”
Segundo o deputado, o dossiê contém denúncias de pais e alunos “que se indignaram com os movimentos políticos partidários irregulares da esquerda universitária, que prejudica alunos que querem estudar”.
Weintraub também recebeu outros deputados estaduais do PSL. O parlamentar Sargento Lima disse que discutiu com o ministro “o uso político e o distanciamento da UFSC da sua atividade fim, o que compromete a formação de gerações de catarinenses”. Também estavam presentes as deputadas Ana Campagnolo e Caroline de Toni.
Os deputados estaduais estavam em Brasília para uma reunião com o líder do partido na Câmara, Eduardo Bolsonaro, para tratar de mudanças no comando da sigla em Santa Catarina. O PSL passa por uma crise entre deputados ligados ao presidente do partido, Luciano Bivar, e o presidente Jair Bolsonaro.
Durante a greve estudantil, que durou 37 dias, Lopes fez vários ataques à UFSC. No dia 10 de outubro, o parlamentar intimidou uma estudante que o questionava na universidade, e no dia 26 de setembro, entrou no Colégio de Aplicação sem autorização. O deputado postou fotos e um vídeo nas suas redes sociais atacando o colégio pela sua decisão de reduzir os turnos das aulas por conta da greve.
Weintraub ameaça UnB
Em outro evento, o ministro da Educação ameaçou a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, dizendo que “quer colocar a polícia dentro” da instituição. Segundo Weintraub, a substituição dos vigilantes por policiais seria a única maneira de conter a “farra” dos estudantes. A reitora é contra a entrada da PM no campus.
Victor Lacombe