Em entrevista para O Globo, Iago Montalvão também afirmou que a entidade fará pressão para evitar redução de orçamento em 2020
Após o anúncio, nesta sexta-feira (18), da liberação total dos recursos contingenciados do orçamento discricionário das universidades e institutos federais, a União Nacional dos Estudantes (UNE) recalculou a rota de ação da entidade. Em entrevista ao Globo, o presidente da UNE, Iago Montalvão, considerou o desbloqueio de recursos uma vitória da pressão da sociedade nas manifestações iniciadas em maio e afirmou que a ideia é “continuar nas ruas”, agora contra a redução do orçamento para 2020.
Montalvão também anunciou que a entidade terá entre suas bandeiras protestar contra a implementação do programa “Future-se”, proposto pelo Ministério da Educação (MEC) para financiar as universidades federais. A UNE foi uma das principais organizações à frente das mobilizações do primeiro semestre, que levaram milhões de pessoas às ruas do país contra o contingenciamento na Educação.
O que levou o MEC a descontingenciar esses recursos para as universidades?
Sem dúvida foi fruto da pressão (popular). Da mobilização dos estudantes em maio, novamente em agosto, e agora em outubro, que levou a sociedade como um todo a pressionar o governo. O Congresso também sentiu. Foi uma conquista. Ano que vem as universidades precisam ter o orçamento (total) garantido.
Quais as outras pautas centrais para a UNE?
É fundamental que ano que vem o orçamento ampliado seja garantido. O governo propôs que o orçamento das universidades seja reduzido. Acreditamos que as universidades brasileiras sejam um instrumento para ajudar o Brasil a crescer, a desenvolver suas riquezas.
Em maio, a UNE chegou a dizer que o governo era ‘inimigo da educação’. Mudaram de ideia?
Acho que o diálogo (com o governo) é muito difícil, nós não percebemos a disposição de ouvir as demandas da sociedade, da organização e da universidade, seja de professores ou funcionários. Essa liberação só foi possível pela pressão social. As passeatas criaram um ambiente de disputa. O governo continua achando que o diálogo é um elemento menor.
No momento, a principal proposta do governo federal para o ensino superior é o “Future-se”. Qual a posição da UNE sobre o projeto?
Defendemos a autonomia das universidades, somos contra qualquer tentativa de censura ideológica. Observamos a mais recente proposta apresentada (pelo MEC), nos opomos à sugestão de indicadores para que as universidades consigam financiamento, (o que é) uma tentativa de imposição à autonomia universitária. Num momento de crise, a universidade pode sim ser um caminho para recuperação da economia, mas não em detrimento da autonomia ou do financiamento público. Por isso, vamos lutar contra o Future-se.
Leia na íntegra: O Globo