As mais destacadas universidades do mundo são relacionadas em rankings que utilizam múltiplos critérios para caracterizar diferentes formas de aferição de qualidade acadêmica. Uma destas classificações é feita pelo Times Higher Education (THE), da Inglaterra, que atribui pesos a diferentes aspectos da missão universitária utilizando 13 indicadores que abordam cinco dimensões: ensino, pesquisa, citações de artigos científicos, transferência de tecnologia e internacionalização.
Na recente divulgação deste ranking o Brasil possui 46 instituições dentre as 1396 universidades de 92 países avaliadas pelo THE, 11 a mais do que as incluídas no ano passado. A América Latina aparece com 101 instituições universitárias. O acréscimo numérico do Brasil não foi acompanhado de progresso qualitativo. A USP, novamente a melhor latino-americana, está classificada na faixa entre as 250 e 300 melhores. A Unicamp, que está em segundo lugar entre as brasileiras, piorou sua classificação, situando-se agora entre 501 e 600.
Em âmbito mundial, a britânica Universidade de Oxford aparece no topo da lista. Nas vinte primeiras estão 14 dos EUA, quatro do Reino Unido, uma suíça e uma canadense. Para o THE as universidades destacadas irradiam parâmetros de formação profissional de alto nível, lideram a pesquisa avançada, conectam-se às redes globais de conhecimento, potencializam a inovação empresarial e projetam uma boa imagem de seu país no exterior.
O Brasil tem a sétima maior representação entre as instituições relacionadas, superando quantitativamente países como Itália e Espanha. O Chile, que aparece mais próximo na América Latina, conta com 18 universidades no ranking. A Argentina tem quatro universidades ranqueadas. A Ásia mostrou significativo avanço qualitativo passando de 2 para 24 instituições entre as 200 melhores. Das brasileiras listadas, 28 são federais, 11 são estaduais e 7 particulares. A UDESC apareceu no ranking atual e a UFSC foi a única brasileira que avançou passando a situar-se no grupo das posições de 601 a 800.
O ministro da Educação tem utilizado um discurso crítico às universidades federais usando rankings como o THE para incutir a ideia de que as IFEs brasileiras apresentam qualidade inferior. Somente 12 universidades brasileiras estão no grupo das mil melhores. Quatro federais perderam posições neste ranking: UFRJ, UFABC, UFBA e UFSCar. A PUC-Rio é a particular mais bem posicionada, aparecendo em 7º lugar no Brasil. A UFSC ocupa a 5ª posição e lidera no critério “citações” que mede a influência da pesquisa e o papel da universidade na disseminação de novos conhecimentos e ideias.
No Brasil, a Folha de S. Paulo elabora e divulga anualmente um ranking das universidades utilizando como critérios: ensino, pesquisa, mercado, inovação e internacionalização, com diferentes ponderações. No RUF de 2018 a UFSC colocou-se em 6º lugar, atrás da USP, UFRJ, UFMG, Unicamp e UFRGS. Decorre da comparação entre os dois rankings uma certa dose de coerência entre os indicadores e os pesos atribuídos, com destaque para o posicionamento muito bom da UFSC tanto no Brasil como na América Latina.
Tenho pessoalmente restrições a comemorações ou críticas universitárias vinculadas a critérios transnacionais de qualidade. As universidades públicas devem adotar parâmetros de eficácia associados com contribuições efetivas para a respectiva sociedade. A meu ver, o papel de uma universidade pública no Reino Unido pode e deve ser bastante diferente daquele desempenhado pela UFSC. Também dentro das várias áreas de atuação devem existir diferenciações de critérios de qualidade para bem alcançar uma alta eficácia acadêmica.
Processos de planejamento devidamente vinculados com realidades regionais e nacionais, bem como com características profissionais, devem gerar processos de geração e disseminação de conhecimentos de alta relevância, especialmente nas nações em desenvolvimento. Pesquisas alienadas podem gerar um ensino prejudicialmente alienante.
Professor aposentado – CTC