Em um evento organizado por um sindicato patronal das mantenedoras de ensino superior, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, defendeu ostensivamente a autorregulação do setor privado.
“O que o governo vai fazer por vocês? Nada. Vocês têm que se virar”, afirmou o ministro ao iniciar sua fala no Fnesp (Fórum Nacional do Ensino Superior), evento organizado pelo Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior).
A fala foi recebida com silêncio na plateia – formada, em grande parte, por diretores e reitores de universidades privadas, além de professores. Pouco antes, o presidente do Semesp, Hermes Ferreira Figueiredo, havia lançado o que chamou de “provocações ao ministro”. Ele questionou quais seriam as ações do MEC (Ministério da Educação) quanto a uma eventual cobrança de mensalidades em universidades públicas e para o financiamento estudantil após a crise do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).
“O Estado é tijolo, é uma invenção nossa, não faz nada por nós. Nós, brasileiros, é que saímos às ruas e fizemos que isso não virasse uma Venezuela”, disse Weintraub.
Ao longo do discurso, o ministro jogou para o próprio setor privado a necessidade de elaboração de uma proposta “robusta” de reformas para implementação da autorregulação do ensino superior particular. Após definir a si mesmo e ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) como liberais, o ministro afirmou aos presentes para aproveitarem essa “janela de oportunidades”.
“Eu estou aqui para resolver rápido. Já passou um ano de governo. Façam autorregulação. O mercado financeiro tem BSM. Se reúnam, vocês têm que se reunir e buscar a solução”, disse.
Em tom de ameaça, no entanto, disse que quem “pisar fora da linha” vai falar com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
“Alguns de vocês já foram pegos”, disse rindo, em alusão à Lava Jato da Educação, anunciada para investigar supostas irregularidades em contratos do MEC.
Em seguida, no entanto, afirmou que “a maioria é honesta”.
Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp, disse ao Portal Uol que a entidade defende a criação de uma agência reguladora para avaliação do ensino superior, e não que o mercado se autorregule, como defende o ministro. Segundo ele, o Semesp já enviou uma proposta ao MEC.
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