Weintraub ataca professores universitários: “Vou atrás da zebra gorda”

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse hoje que vai “atacar a zebra mais gorda”: o salário de professor universitário federal. A declaração foi feita  durante o 21º Fórum Nacional de Educação Superior Particular, quando defendia que cobrar mensalidade dos estudantes de universidades públicas seria uma conquista a alto preço, uma “vitória de Pirro”. Segundo Weintraub, o problema é o gasto de “uma fortuna de dinheiro com uma pequena quantidade de pessoas”. A informação é do jornal O Globo em matéria publicada nesta quinta-feira (26).

O ministro da Educação criticou ainda o professor universitário com dedicação exclusiva, “que dá oito horas de aulas por semana e ganha de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês”. Ao dizer isso, no entanto, ele ignora que o ensino superior público no Brasil se sustenta em três pilares: Ensino, Pesquisa e Extensão.

Os docentes com dedicação exclusiva ao Magistério têm a “obrigação de prestar quarenta horas semanais de trabalho em dois turnos diários completos e impedimento do exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada”, de acordo com o artigo 14, do decreto presidencial 94.664 de 1987.

“Um ministro da educação que trata professores universitários como animais, sendo ele um professor, deveria no mínimo pedir demissão”, rebateu o presidente da Apufsc, Bebeto Marques. “Está mostrando sua ignorância!”.

As oito horas semanais às quais Weintraub se refere correspondem à carga horária mínima de cada professor dentro de sala de aula. Com o plano de atividades aprovado semestralmente na universidade, todos os professores devem cumprir 40 horas de atividades por semana. Além das aulas,  os docentes atuam com: Orientações de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), teses, dissertações e estágiosd+ Cargos administrativos (ligados à coordenação de curso, chefia e sub-chefia de departamento)d+ Cargos de gestão da universidaded+ e projetos de pesquisa e extensão.

Abraham Weintraub afirmou ainda que “mais de 80% do ensino superior está na iniciativa privada”. Também aqui ele ignora o papel da universidade pública no ensino do país. Neste mês, foi publicado o ranking de melhores universidades do mundo pela Times Higher Education. A avaliação utiliza como critérios: ensino, pesquisa, citações, visão internacional e transferência de conhecimento. O Brasil conquistou a 7ª posição entre os países com o maior número de instituições analisadas. Das 46 universidades brasileiras que integram a classificação, apenas oito são do sistema privado de ensino. No âmbito nacional, dentre as 20 melhores universidades do país definidas pelo Ranking Universitário da Folha, apenas duas não são públicas — ocupando a 18ª e 19ª posição. 

Também foi alvo de críticas do ministro o número de servidores federais que compõem o MEC. Dos 600 mil servidores ativos no país, cerca de 300 mil integram o Ministério da Educação. 


Ilana Cardial