Rosendo A. Yunes
Ciência e tecnologia para a liberação nacional No cientifico-tecnológico se reconhece o núcleo do problema da liberação. Sem base cientifico-tecnológica própria e suficiente a liberação se faz impossível.
Alguns dados da dependência total: o Brasil hoje, segundo o IBGE, 27 milhões de pessoas estão sem emprego que possa garantir uma vida digna. Entre 2014-2017 as pessoas que vivem por debaixo da linha da pobreza cresceram um 33% o que significam 6,3 milhões de pessoas (população equivalente a Uruguai), que vivem com menos de 233,00R$ por mês.
Em 2017mo rendimento médio mensal por capita domiciliar erai de 1511,00 R$, ou seja, perto da linha de pobreza que era nessa data, segundo o Banco Mundial, 1443,85 R$. Nesse ano o10% com maiores rendimentos do Brasil, era 3,5 vezes maior que o total recebido pelo 40% com menores rendimentos. Não se considera que 27 milhões de pessoas vivem em moradias inadequadas e até desumanas. E o atual governo corta 1,9 bilhão de reais para minha casa minha vida.
Respeito de ciência e tecnologia a situação do Brasil, segundo o último informe da UNESCO que data de 2013 e 2014 resulta clara. Em 2013 Brasil investiu 31,3 mil milhões de US$, Argentina 4,6, EEUU 396,7, Canada 21,5, Israel 10,0, Coreia do Sul 64,7, Iran nd; em publicações Brasil apresenta 37.228, Argentina 7.447, EEUU 321.846, Canada 54.631, Israel 11.196, Coreia do Sul 50.258, Iran 25.588. Confrontando com o numero de patentes observamos Brasil 341, Argentina 114, EEUU 139.139, Canada 7.761, Israel 3.405, Coreia do Sul 14.839, Iran 43. Claramente se observa o cientificismo brasileiro 37 mil publicações e 341 patentes, no caso de EEUU 321 mil publicações e 139 mil patentes= 1/3 respeito das publicações, o mesmo que Israel e Coreia do Sul.
Isto significa que estamos trabalhando para os países desenvolvidos que podem aproveitar o conhecimento para construir novos processos e produtos, que possam significar novas empresas, empregos etc. Claro, que devemos lutar contra as patentes, mas isso é uma definição que deve ser tomada de forma internacional, enquanto isso pagamos de royalties por usar simplesmente as imagens de Disney o as japonesas infantis milhões de US$ por ano.
Em 2011 o número de pesquisadores por miles de habitantes era: Brasil 710,3, Argentina 1.236, EEUU 3.978, Canada 4.729, Israel 7316, Coreia do Sul 5.928, e o numero de pesquisadores em 2013 era Brasil 138 mil (0,06 por habitantes), Argentina 51 mil (0,7), EEUU 1252 milhões (16,7), Canada 163 mil (2,1), Israel 55 mil (0.8), Coreia do Sul 288 mil (4,1). A comparação entre Brasil e Coreia do Sul, incluso Argentina, nos exime de comentários.
Para superar esta dependência, se requerem equacionar duas dimensões: 1) uma prática cientifica que tenha como ponto final a pessoa humana, da qual, em concreto, é o povo, e por isso deve-se atender primeiro a suas necessidades. Por este motivo, os cientistas devem conhecer a realidade sociocultural, e ter um dialogo permanente com as organizações populares. 2) a segunda dimensão, sem a qual a primeira fica no plano das boas intenções, é que os cientistas devem conseguir uma profundidade científica que lhes permita o domínio da linguagem fundamental da civilização científico-tecnológica atual.
Esclarecendo o anterior a universidade em sua relação com a ciência e a tecnologia, não pode somente restringir-se a transferência dos conteúdos para a formação dos profissionais, nem a adaptação do conhecimento para a solução de problemas conjunturais. Isto somente pode ser aceito num primeiro momento de reconstrução da sociedade, mas a universidade deve procurar fundamentalmente a nossa autonomia teórica, para o qual deve compreender as linhas inerentes a criatividade teórica.
Em efeito, a criatividade se define em primeira instancia pelo desenvolvimento de novos conhecimentos por cima do grande núcleo constituído pelo saber mundialmente circulante ou existente, porque sabemos que existem conhecimentos aos quatis se inibe a circulação univerdal, para conservar as desigualdades mundiais entre Nações.
A criatividade significa a concretização de novos pontos de partida que são tomados a partir da totalidade politico-cultural mundial. De esta totalidade surgem as perguntas realmente cientificam capazes de abrir novas áreas de saber. E para isto são necessários cientistas com uma possessão profunda dos princípios e da arte (metodologia) capaz de conduzir a resultados efetivos.
Mas, esta visão exige, igualmente, uma integração efetiva do triangulo Estado-universidade-indústria, sem o qual não é possível criar novas indústrias que possam dar emprego aos milhões de brasileiros que neste momento carecem de essências fontes de trabalho. Isto foi o requisito, mais importante, que nenhum governo da democracia conseguiu desenvolver, por carecer de uma concepção clara da cultura nacional e popular e da verdadeira dignidade da pessoas humana, a quem devemos servir, que podemos traduzir na frase : “O homem como ser supremo para o homem”. Mas, todos os homens sem exclusões e iniciando pelos mais necessitados.
Devemos por estes motivos lutar contra duas possibilidades que consolidariam o status quo, por uma parte: o empirismo teórico o tecnologismo, que necessariamente é de curta duração e procura ilusoriamente a criatividade por caminhos científico-tecnológicos já explorados, quando para sua apropriação são necessárias outras metodologias mais eficazes. Por outra parte: o racionalismo teórico o cientificismo, que como atualmente realiza ciência para publicar, sem considerar que o fundamental, não é publicar, é lograr inovações que possam ser transformadas em industrias para o desenvolvimento do país e para gerar empregos de qualidade para milhões de brasileiros. Isto é um produto parcial da falta de ruptura teórica, da qual falamos anteriormente.
Conclusão: 1ro) A formação de pesquisadores e docentes para liberar o Brasil exige da universidade i) formar a capacidade de compreender de forma teórica e pratica a realidade politico-cultural mundial, neste momento de globalização, como núcleo de referencia de toda ciência e profissão, ii) desenvolver a capacidade analítica que permitam responder aos problemas concretos que são propostos a ciência e tecnologia, para posteriormente mediante a criatividade e considerando, o triangulo integrado de governo-universidade-indústria, desenvolver novas industrias que o país necessita para sua liberação e para criar empregos de qualidade.
2do) Eliminar o cientificismo atual mediante uma serie de prioridades de pesquisa que procurem gozar ao país de uma soberania real, não fictícia, mas dentro de um cultura diferente da neoliberal que é individualista, egoísta, de domínio fraticida por uma cultura do bem comum, solidaria, fraterna com o lema : “O homem é o ser supremo para o homem”, sem exclusões e começando pelos mais necessitados. .
Rosendo A. Yunes. Professor Aposentado.