Contra a barbárie: Comenta um autor “O século XX registrou, além das duas guerras mundiais, outras dezenas de conflitos armados de grandes proporções, multiplicam-se os genocídios, dê 1.500.000 armênios pelos turcos otomanos, nos gulag soviéticos, com cerca de 85 milhões de criaturas humanas exterminadas, nos campos de concentração nazistas ( aproximadamente 6 milhões de judeus, mas igualmente ciga-nos, homossexuais etc.) e mais os genocídios cambojano, iugoslavo, africano (Ruanda entre etnias)….o pesquisador britânico William Eckhardt, em sua obra Civilizações, impérios, guerras (1992) realizando um estudo quantitativo, afirma que o século XX respondeu por 73,27% das mortes por guerra dos últimos 5 mil anos”.
Podemos adicionar as vergonhosas ditaduras latino-americanas, em Argentina, Chile, Uruguai e Brasil com comprovado apoio do império de EEUU. As correntes espirituais e religiosas foram incapazes de inspirar uma ética, isto é, orientar as eleições concretas dos crentes. Assim, os gerais argentinos enquanto proclamavam defender a civilização ocidental e cristã, fizeram um genocídio de 30 mil jovens, enorme contradição, para matar toda uma geração de jovens.
“Este dualismo, equivoco permanente de nossa religiosidade ha chegado há ser macroscópico no obrar de uma elite fanaticamente religiosa que há sacralizado o tumor profundo que ameaça de morte a humanidade” ( Paoli Arturo “La alegria de ser libres” Bonum, Bs As 2002)
O mesmo Paoli segue “O homem ocidental que temos descoberto no obrar- ainda com cultura de gentileza, de pretextos filosóficos- é violento, dominante, incapaz de verdadeira alteridade e isto explica porque o ocidente é violento, incapaz de dialogar verdadeiramente”.
Aqui aparece o divórcio entre pensamento e ação que é muito grave. Fundamentado em que essa Interpretação se devia a que a mão de obra era barata, pelos escravos, e pela exploração da mão de obra dos obreiros, enquanto a elite pensava e divagava com belas ideias sem relação com a prática, José M. Castillo, um teólogo católico espanhol escreve: “Europa fez um saber para os intelectuais, fez um direito para os poderosos. Fez uma religião para os privilegiados. Assim, e por isto, justificou o colonialismo em África e América.
Como justificou igualmente a marginação das mulheres, o uso e abuso dos escravos, a justificação das desigualdades sociais, as guerras de religião, a tortura e a morte dos hereges, infiéis e estrangeiros e até colocou as bases que justificariam um capitalismo neoliberal, muito antes que Marx o criticara, nos escolásticos tardios Antônio de Florência e Bernardo de Siena ,que permitiram “o beneficio do capital em qualquer de suas formas” “”
Ortega e Gasset, reconhecido filosofo espanhol escrevia em 1930 “O caráter catastrófico da situação atual europeia se deve a que o inglês médio, o francês médio, o alemão médio são incultos, não possuem o sistema vital de ideias sobre o mundo e o homem correspondentes a seu tempo. Este personagem médio é o novo bárbaro, atrasado respeito a sua época, arcaico e primitivo em comparação com a terrível atualidade e data de seus problemas. Este novo bárbaro é principalmente o profissional, mas sábio do que nunca, más mais inculto igualmente”.
Ortega coloca o profissional que passou por alguma universidade europeia como o principal bárbaro de sua realidade social e assim relaciona a universidade com a barbárie.
Como é possível que atualmente um universitário não conheça, como escreve o brasileiro Morais, que vivemos numa sociedade escravizada pelo consumismo e pela mídia (Globo, Record, Bandeirantes etc.) que é sua voz poderosa, navegando por uma crise de valores sem precedentes” e adiciona “vive como se o futuro jamais fosse existird+ lucros imediatos, prazeres imediatos e mais imediatismos que fazem o paraíso dos estupefacientes e dos seus traficantes” . Como pode um universitário desconhecer a ideologia neoliberal que domina o mundo ocidental, como pode desconhecer o que é soberania nacional, desconhecer a guerra econômica EEUU vs. China e que nosso país atualmente está no pátio traseiro da geopolítica de EUU.
A famosa história dos bárbaros que invadiram o Império Romano e atualmente questionado por muitos historiadores, simplesmente. porque os Romanos falavam de bárbaros aos povos de outra cultura. Eles eram bárbaros mais refinados, um historiador: Prisco, conta que um grego que era escravo em Roma e se passou para o acampamento de Atila, falava que não havia igualdade frente a lei: se ricos beneficiavam-se de inteira impunidade, se pobres, eram severamente punidos e julgados. Se é que viviam até algum julgamento, pois além das condições desumanas das prisões, se não pagassem aos juízes não logravam julgamento.
Outro historiador, Buey, escreve “Dispõe-se de documentos sobre o comportamento dos escravos do Império que se bandeavam para o lado dos bárbaros. Durante o primeiro assédio de Roma pelo visigodo Alarico, no inverno de 408 a 409 praticamente todos os escravos de Roma (40 mil) se evadiram para o campo dos godos”.
No entanto, como aceitar que as universidades europeus e de seu aliado EEUU formaram bárbaros da elite que fizeram duas guerras mundiais e os crimes nazistas, stalinistas, otomanos etc. E lançaram duas bombas atômicas no Japão.
A atual situação de nosso país nos leva a pensar que uma universidade sem recursos vai tornar-se para ensinar um mero profissionalismo sem atender a radical tarefa universitária de ensino da cultura y que a Universidade e igualmente ciência.
Ortega precisamente afirmava que, ineludivelmente, devemos fazer uma universidade que ensine o sistema das ideias vivas que o tempo possui. Isto deve ser antes e mais que outra coisa a tarefa da universidade para não formar novos bárbaros como os antigos que estamos observando em nosso país.
Não devemos procurar modelos em universidades estrangeiras, informação sim, modelo não.
Conclusão: 1°) A universidade deve formar profissionais cultos não bárbaros que apoiem um governo que procura destruir as universidades, a ciência e tecnologia, e os direitos humanos e trabalhistas.
2°) A universidade deve ensinar o sistema de ideias vivas de nosso tempo: a ideologia neoliberal, os problemas geopolíticos mundiais etc.
Professor Aposentado