No exato dia em que completei 80 invernos fui agraciado com a assinatura do acordo Mercosul – União Europeia, envolvendo 28 países. Considero este evento como possível gerador de múltiplas oportunidades de relacionamentos internacionais que podem ser muito bem aproveitados pelas universidades das respectivas nações.
Lembro que quando foi criado o Mercosul também foram geradas grandes expectativas de uma substancial melhoria na convivência entre os vizinhos. Muitas frustrações ocorreram ao longo dos 28 anos de vigência do tratado original. De outro lado as instituições universitárias existentes em 1991 diferem bastante dos sistemas universitários de hoje.
Na Europa as experiências do Mercado Comum de 1957 e da União Europeia a partir de 1992 mostram-se bem mais exitosas. Assim a associação que estará sendo organizada nos próximos dois a três anos tem perspectivas bem mais alvissareiras. Os relacionamentos culturais decorrentes de processos de imigração e de cooperação reforçam estes bons augúrios.
Acordo similar assinado pelo Mercosul com outros países da Europa como Suíça e Noruega e tratativas de associações com Canadá, Coreia do Sul e México tornam este ambiente de cooperação internacional ainda mais atrativo e desafiador. Dispomos hoje no Brasil de competências universitárias que podem se devidamente mobilizadas para assegurar vias de muito sucesso em beneficio das sociedades envolvidas.
Santa Catarina está muito bem localizada geograficamente para participar ativamente do um processo de integração altamente benéfico que se descortina. Os vizinhos gaúchos e paranaenses também apresentam vínculos socioculturais bastante desenvolvidos com nações europeias participantes do Acordo. A região sul é cercada pelos importantes estados da região sudeste e pelos outros países do Mercosul.
O portunhol facilita a comunicação e pode propiciar interações bem mais profícuas não apenas no âmbito do Mercosul, mas também com outros países da América Latina. Novos relacionamentos coma Europa podem gerar acordos com a Parceria Trans-Pacífica que envolve Chile, Peru, Colômbia, Japão e México.
O idioma português pode nos aproximar da África começando por Angola e Moçambique. Os países europeus sofrem com imigrações desordenadas de africanos e podem estar dispostos a investir em processos de melhoria de vida dos habitantes daquele continente com o auxílio de conhecimentos disponíveis nas universidades brasileiras e particularmente na Embrapa.
A atuação do reitor da UFSC na coordenação da ANDIFES na região sul e o exercício da Vice-Presidência da CNI pelo ex-presidente da FIESC para os três estados sulistas são exemplos de fatores que podem ser benéficos num protagonismo catarinense no processo de integração Mercosul-União Europeia.
Professor aposentado