Reportagem do Jonal da Usp mostra a luta de lideranças da comunidade científica e acadêmica para tentar salvar a pesquisa brasileira
A ciência brasileira nunca olhou para o calendário com tamanha apreensão. Setembro surge no horizonte acompanhado de um prognóstico tenebroso, que assombra a comunidade científica já há alguns anos: o colapso das agências de fomento federais — em especial, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O CNPq é uma pedra fundamental do sistema de ciência e tecnologia no Brasil, responsável por apoiar o desenvolvimento de pesquisas científicas no País por meio de bolsas e financiamento de projetos.
Após cinco anos de uma hemorragia orçamentária contínua, imposta por sucessivos cortes e contingenciamentos do governo federal, o CNPq está agora à beira da falência. Literalmente. O valor desembolsado pela agência com fomento (financiamento de projetos) encolheu 65% desde 2014, reduzindo-se a R$ 270 milhões em 2018, segundo um levantamento feito pelo professor Carlos Henrique de Brito Cruz.
Já o orçamento de fomento previsto para este ano, de R$ 127 milhões, foi contingenciado pela metaded+ e a outra metade, que não foi congelada, já está praticamente esgotada. Resultado: chamadas canceladas, repasses atrasados, compromissos sustados, milhares de pesquisadores e laboratórios sem apoio para continuar suas pesquisas em todo o Brasil. O órgão precisa de R$ 330 milhões em crédito suplementar para continuar pagando seus bolsistas até o fim do ano.
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