Canal perdeu bolsistas, adiou plano de expansão e não consegue repor equipamentos quebrados
único canal totalmente público e educativo de Santa Catarina, a TV UFSC também tem sofrido com a restrição orçamentária imposta à universidade pelo governo federal – situação que se agravou com o bloqueio de recursos anunciado em maio. Bolsas de estágio foram canceladas, o plano de expansão para outros campi foi adiado, e há equipamentos quebrados, sem previsão de conserto.
Segundo o diretor do canal, Felipe Laval, com os recursos disponíveis não é possível fazer mais do que o essencial. Hoje, por exemplo, a TV UFSC opera com dois bolsistas. Em 2015, eram 13. Com a atual estrutura, a programação fica prejudicada. “ A cobertura dos principais fatos da instituição, alguns documentários históricos até foram feitos, como o aniversário de 10 anos dos Campi, mas outros, infelizmente, não tiveram a mesma atenção”, diz Laval.
No ar 24 horas por dia, o canal tem um custo alto de manutenção, além da própria necessidade de reposição de equipamentos, que acabam ficando obsoletos. “No início do ano, tivemos uma pane em equipamento do transmissor que nos deixou umas duas semanas fora do ar. Foi resolvido com o empréstimo de um equipamento Empresa Brasil de Comunicação (EBC)”, conta o diretor.
Esse equipamento segue emprestado aguardando a manutenção do aparelho que a própria TV UFSC já possui. A licitação, conta Laval, demorou e está há um mês dependendo de contratação da reitoria. “Em um momento onde estão reduzindo os contratos existentes, assinar um novo fica mais difícil”, lamenta.
O orçamento do canal está diretamente ligado à universidade e por isso depende das verbas que a ela são destinadas. “Não temos um centro de custos próprio. Estamos no mesmo bolo do gabinete da reitoria”, afirma.
A TV UFSC é responsável por produzir e divulgar conteúdos da universidade e da comunidade local, além de ser um campo de aplicação dos cursos de comunicação da UFSC. “Somos uma televisão essencialmente local, um espaço de difusão dos conteúdos produzidos aqui, com as pessoas daqui”, ressalta.
Privatização
Uma eventual privatização da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) também pode afetar de modo significativo a TV UFSC. O canal possui concessão outorgada, o que permite transmitir seus conteúdos em TV aberta. Caso o governo decida oferecer a estatal ao mercado, a TV UFSC teria que voltar para a TV a cabo, como funcionava anteriormente, entre 2008 e 2013.
“Da mesma forma, por fazer parte da rede da TV Brasil, que é a rede nacional de comunicação pública, a gente compartilha também a programação nacional via TV UFSC: os jornais diários da TV Brasil e programações culturais que são repassadas para o público em geral. Então são dois problemas, tanto da concessão do canal, quanto da programação nacional que é retransmitida também”, explica Laval.
Há duas semanas, o governo prometeu divulgar nomes de 17 estatais que deveriam ser privatizadas nos próximos anos. No primeiro momento, a EBC constava na lista, assim como os Correios, Serpro, Telebras e a Casa da Moeda.
No dia 21, entretanto, apenas nove empresas foram confirmadas pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, sendo que oito delas já estavam incluídas nos estudos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Até o momento, a EBC segue fora das negociações. “Estamos apreensivos, mas seguimos trabalhando com a perspectiva de que melhore a situação”, disse Laval.
A última reunião entre EBC e TV UFSC aconteceu em janeiro de 2018, quando a equipe indicada pelo então Presidente Michel Temer tinha acabado de assumir. Segundo Laval, com a atual gestão ainda não houve conversa.
Diana Koch