Em reunião aberta, reitoria revela apenas duas das 15 medidas de corte previstas

Superlotação e falhas no equipamento de som tumultuaram apresentação 

A reunião aberta convocada pela reitoria para explicar os próximos cortes no orçamento da UFSC durou quase duas horas nesta quinta-feira (29) sem que a administração central apresentasse todas as medidas que serão adotadas a partir do dia 15 de setembro, caso os bloqueios impostos pelo governo federal persistam. Das quinze medidas previstas, apenas duas foram anunciadas: a Sepex será cancelada e o RU, a partir de 15 de setembro, atenderá apenas alunos isentos. As outras devem ser reveladas na próxima reunião do Conselho Universitário, marcada para o dia 3.  

A reunião foi planejada inicialmente para começar às 13h30 no auditório do Centro de Comunicação e Expressão (CCE), mas precisou ser realocada por superlotação. O auditório do Espaço Físico Integrado (EFI) também não estava preparado para receber os participantes de última hora. Muita gente teve que acompanhar de pé a apresentação, que só terminou por volta das 16h30.  Não houve transmissão oficial ao vivo e o equipamento de som falhou, aumentando o tumulto. 

Sem microfone, o jeito encontrado para se comunicar foi improvisado: enquanto o Reitor ou o Secretário de Planejamento falavam, os estudantes repetiam as frases, uma prática que chamam de  “jogral”. Outro problema foi o calor. Uma estudante passou mal e foi retirada às pressas do local.

Bloqueio

Nos últimos dias, o secretário de Planejamento e Orçamento da UFSC Vladimir Fey foi a Brasília para tentar reverter a questão orçamentária da universidade.Voltou de lá, porém, sem uma garantia do Ministério da Educação de que os recursos serão liberados. Dos R$ 145 milhões que a UFSC teria este ano para custeio, R$ 43 milhões foram contingenciados e não há expectativa de liberação. 

“Estamos cortando um conjunto de gastos para poder permitir que a gente tenha mais um mês de funcionamento. O Restaurante  Universitário estará disponível só para os alunos que têm cadastro no programa da PRAE. A partir de 15 de setembro, se nesse ínterim não houver desbloqueio, nós implementaremos essas medidas” afirma Vladimir Fey. Foi ele que conduziu a reunião, mostrando os slides que explicam a crise orçamentária da UFSC. Foi cobrado a detalhar o conjunto de medidas e a se posicionar sobre o corte de verbas perante o MEC, mas os participantes saíram de lá sem saber ao certo qual será o pacote completo de cortes e como se dará o relacionamento com o Ministério da Educação daqui para frente.    

O reitor Ubaldo Balthazar foi pressionado pelos estudantes a se manifestar. Depois de ser cobrado pela comunidade acadêmica, declarou que a reitoria é contrária ao Future-se, projeto do governo federal para as universidades federais. “Se nós aqui nos unirmos e todas as universidades se unirem também […], nós vamos derrubar esse projeto”, disse. 

Também atendendo a um pedido dos estudantes, Ubaldo determinou a suspensão das aulas a partir das 16h do dia 2 de setembro, e a partir das 13h do dia 3 de setembro, para permitir a participação de todos na Assembleia Geral Universitária do dia 2 e na Sessão Pública do Conselho Universitário, marcada para o dia 3.

A Assembleia Geral Universitária vai discutir o Future-se, na segunda-feira às 17 horas. Na terça, às 14h, o Conselho Universitário delibera sobre a posição oficial da UFSC em relação ao programa. Ambos serão no no Auditório Garapuvu do Centro de Cultura e Eventos.

 

 

Manoela Bonaldo

Vinicius Claudio (fotos)