“Fui a Brasília e conversei muitas vezes com o ministro e com todos os políticos do Ceará”, afirmou Cândido de Albuquerque ao UOL
Nomeado reitor da Universidade Federal do Ceará com apenas 4,6% dos votos e último lugar na lista tríplice, o advogado Cândido de Albuquerque declarou ao site UOL que não se sente constrangido pelos protestos da comunidade acadêmica, que o considera “interventor” do governo Bolsonaro. Afirmou que discorda do processo de escolha do reitor por lista tríplice e contou também que tomou a iniciativa de procurar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, para apresentar sua proposta como candidato a reitor da UFC.
“Quando me candidatei a reitor, sabia que não seria o primeiro da lista, mas queria tirar a universidade dessa situação”, diz Albuquerque. Ele conta como conseguiu chegar ao cargo de reitor: “A minha proposta. Fui ao ministro [da Educação, Abraham Weintraub] e mostrei”, afirmou ao UOL. “Fui a Brasília e conversei muitas vezes com o ministro e com todos os políticos do Ceará. Falei com senadores, deputados e mostrei meu projeto”, descreve o advogado, que foi presidente da OAB-CE na década de 1990.
Procurado pelo site, o MEC disse que não comentará o encontro do advogado com Weintraub e diz em nota que “não há hierarquia na lista tríplice”. “Qualquer um dos três nomes pode ser indicado para o cargo de reitor e vice-reitor.”
“Nenhuma dentre as 250 melhores universidade do mundo adota eleição direta. Precisamos de um processo de escolha que identifique um gestor, e não um político”, defende. Para Albuquerque, Bolsonaro não se comporta como um “interventor” ao escolher um candidato que não foi o mais votado.
Em junho, o presidente já havia escolhido o segundo colocado para ocupar a reitoria da UFTM(Universidade Federal do Triângulo Mineiro), e deve usar o mesmo critério para indicar o novo procurador-geral da República.
“Eu não vou responder sobre a Procuradoria-Geral porque não sei como funciona lá”, afirmou o reitor. “Só faz essa associação [de intervenção] na universidade quem não conhece administração acadêmica.”
Diretor da Faculdade de Direito da UFC, o novo reitor recebeu apenas 610 votos da comunidade acadêmica enquanto o segundo colocado, Antônio Gomes de Souza filho, obteve 3.499 votos e o mais votado, o então vice-reitor da universidade, Custódio Luís Silva de Almeida, teve 7.772 votos.
A indicação foi tão mal recebida na universidade que um protesto na noite de terça-feira (20) reuniu centenas de estudantes, que bloquearam o cruzamento da principal avenida da UFC. “Havia muitas bandeiras do ‘Lula Livre’, CUT [Central Única dos Trabalhadores], MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra]. Eles são muito bem-vindos, mas não entendem de administração acadêmica”, afirma Albuquerque.
Albuquerque evitou criticar o corte federal de R$ 45 milhões no orçamento da UFC, porque “o grande corte de verba aconteceu em novembro de 2014” e já anunciou que pretende aderir ao Future-se. A UFC já havia expressado oficialmente sua rejeição ao programa do MEC. “Temos de buscar os setores produtivos”, diz. “Também vamos cortar gastos e chamar o governo federal. Tenho diálogo com o MEC.”
“Meu foco será em inovação, empreendedorismo e internacionalização. […] Me dê dois anos para mostrar o que vou fazer na UFC. Aí quem estava lá no protesto, o Lula Livre, os vereadores, eles vão me pedir desculpas.”
Confira: UOL