Problema do desmatamento no Brasil não será revertido com a omissão de dados, afirmam instituições
Sociedade Brasileira de Física (SBF), Associação Nacional dos Pesquisadores do MCTIC (ANPesq), Coppe e Unicamp prestaram apoio ao diretor do Inpe, Ricardo Galvão, após Bolsonaro dizer que os dados revelados pelo Instituto sobre desmatamento na Amazônia são “mentirosos”. Imagens obtidas através de satélite que monitora região amazônica apontaram crescimento de 68% no desmatamento da floresta em relação a julho/2018. Para o presidente Jair Bolsonaro, publicação dos dados trazem prejuízo para a imagem do Brasil no exterior.
A Sociedade Brasileira de Física (SBF) concorda que o desmatamento gera desgaste da imagem do país, mas acredita que o problema não será revertido com a omissão dos dados científicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em nota, a entidade defende serem necessárias “políticas de desenvolvimento sustentável para a região, que preservem a Amazônia para as futuras gerações de brasileiros” e que “atribuir este problema internacional à obtenção e divulgação das informações pelo Inpe é como tentar curar a febre quebrando o termômetro”.
Já a Associação Nacional dos Pesquisadores do MCTIC (ANPesq) alerta que a declaração do presidente não é um “episódio fortuito”, mas faz parte de uma prática sistemática que nega evidências e ignora argumentos fundamentados para naturalizar a irracionalidade no debate político. Assim, de acordo com a instituição, cria-se um ambiente propício para a desinformação e mistificações, “capazes de anestesiar a população frente à destruição da democracia, da soberania nacional e dos direitos sociais penosamente conquistados ao longo de mais de meio século da nossa história”.
Coppe e Unicamp defendem qu a ciência deve ser tratada como fator estratégico para o desenvolvimento do país, baseando-se em metodologia sólida e não por sentimento pessoal, como vem acontecendo no governo Bolsonaro. “Atacar o INPE sem indicadores concretos caracteriza desconhecimento do trabalho desenvolvido pela instituição e desrespeito à comunidade científica. O Brasil necessita de políticas ambientais eficientes e sem viés ideológico, o que implica manter um sistema de fiscalização ágil, intenso e contínuo, em vez de contestar dados sem a devida fundamentação científica”, afirma a nota da Unicamp.
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