Edital está aberto desde 1º de julhod+ grupo “Ser Educacional”, gigante do setor privado, é uma das instituições que vai pedir credenciamento de programas dessa modalidade
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) vai coordenar a implantação de cursos de pós-graduação stricto sensu a distância, informa O Globo. Com base em portaria publicada em 29 de abril, a qual prevê a oferta dessa modalidade de ensino, a Capes está com um edital aberto até o dia 9 de agosto para instituições interessadas, inicialmente para mestrado.
Segundo o jornal, a Capes não informou quantas instituições de ensino já ofereceram propostas desde que as inscrições começaram, no dia 1º de julho. Mas um dos gigantes do setor privado de ensino, o grupo “Ser educacional” , presente em todos os estados do Brasil, submeterá à Capes o pedido para credenciar programas em três instituições: a Universidade do Amazonas, a Universus Veritas Guarulhos (UNG) e o Centro Universitário Maurício de Nassau , de Recife.
“A medida acaba sendo mais um aceno da política educacional do governo ao setor privado”, destaca O Globo. Hoje 21,2% das matrículas da graduação do país já estão na EAD, segundo o último Censo da Educação Superior, e a maior parte delas em instituições particulares. “A tendência pode se repetir na pós”.
A modalidade é vista como uma opção econômica para que as instituições privadas compensem as perdas geradas pela desidratação do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
“No nosso seminário mensal sobre pós-graduação a distância tivemos mais de 100 instituições de ensino presentes e outras 200 acompanhando pela internet. Há um interesse crescente das universidades privadas no tema”, afirma Celso Niskier, presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), cujo congresso, em junho, contou com a presença do ministro Abraham Weintraub.
Critérios
Pelos critérios avaliativos da Capes, para abrir um mestrado stricto sensu a distância, a instituição de ensino já deve ter um programa presencial na mesma área, cuja nota na última avaliação do órgão seja, no mínimo, 4. Além disso, a instituição também deve ser credenciada pelo MEC e ter nota mínima 4 no Índice Geral de Cursos (IGC), calculado pela pasta.
Coordenador do grupo de trabalho do Conselho Técnico-científico da Capes que formulou os critérios de avaliação para autorizar os cursos de pós na nova modalidade, Robert Verhine, que é professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), afirma que cada área terá requisitos específicos.
“Cada área tem exigências específicas. Medicina tem critérios que são diferentes dos de outras áreas. É por isso que considero que o número de programas aprovados, no início, será bem pequeno. É provável que algumas áreas não consigam ter nenhum programa aprovado nesse primeiro edital”.
Verhine cita outros países como exemplo: “Nos Estados Unidos, há PhD e doutorado feito a distância. Na Espanha e na China também há essa iniciativa. Temos que garantir que esses programas terão o mesmo rigor dos presenciais em termos de conteúdo e produção acadêmica. Não temos experiência com educação a distância em nível de pós. A pós exige uma relação muito estreita entre orientador e orientando, teremos que garantir que o aluno vai receber orientação adequada”.
O que diz a Capes
Ao jornal O Globo, a Capes explicou que a decisão de abrir a modalidade foi motivada pelo fato de já existirem inúmeras atividades nesse formato em aulas de pós-graduação. A Capes cita como exemplo programas considerados semipresenciais e utilizados na formação de professores, como o Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras). A Capes diz ainda que a iniciativa pretende interiorizar os cursos de pós no país.
Confira: O Globo