Sete a cada 10 empregos nas carreiras do ministro Abraham Weintraub e de seus oito secretários não têm relação direta com os cargos que ocupam hoje, revela análise dos currículos obtidos por Gaúcha ZH via Lei de Acesso à Informação (LAI)
Na atual gestão do Ministério da Educação (MEC) as nove pessoas mais importantes na definição de políticas educacionais não têm, em sua maioria, experiência nem conhecimento na área de políticas públicas de educação. É o que GaúchaZH constatou ao analisar os currículos do ministro Abraham Weintraub e de seus oito secretários, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Os nomes analisados, além do ministro, são: Antonio Paulo Vogel de Medeiros (secretário executivo), Rodrigo Toledo Cabral Cota (secretário executivo adjunto), Carlos Nadalim (secretário de alfabetização), Jânio Macedo (secretário de Educação Básica), Ariosto Culau (secretário de Educação Profissional e Tecnológica), Ataide Alves (secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior), Arnaldo Barbosa Júnior (secretário de Educação Superior) e Bernardo Goytacazes de Araujo (secretário de Modalidades Especializadas de Educação).
A análise mostra, em números, que eles não têm experiência relacionada aos cargos que ocupam: sete a cada 10 empregos são no setor econômico e apenas dois a cada dez são relacionados à educação — o que inclui desde trabalhar como professor de Economia em universidades até dar aulas de Filosofia em escolas.
Quase todas as graduações são em Economia, Direito e Administração. As pós-graduações têm foco em Finanças, Administração e Negócios Internacionais. Eles trabalharam em bancos, corretoras de seguros ou em secretarias e ministérios na área econômica.
O ministro da Educação,Abraham Weintraub, fez carreira em corretoras de seguros, bancos, como professor de Economia na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e, por último, na Casa Civil. Como professor universitário, nunca publicou nada sobre educação, segundo seu Currículo Lattes. O último artigo, de 2016, é sobre inflação.
Aluno de Olavo de Carvalho, Weintraub é um dos ministros da ala ideológica do governo de Bolsonaro, ao lado do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
De todos os 108 empregos declarados em currículos pelo alto escalão do MEC, apenas 23 estão relacionados à educação. No entanto, só cinco envolviam diretamente pensar em políticas públicas na área. Todos as cinco experiências profissionais estão no currículo de Ataides Alves, secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior, responsável por aprovar a criação de novas faculdades.
Alves é servidor de carreira no MEC: antes de atuar na gestão Bolsonaro, trabalhou no Conselho Nacional de Educação (CNE), no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) — responsável pelo Enem — e em duas secretarias do MEC na gestão de Fernando Haddad (PT) como ministro. O petista, ao ser eleito para a prefeitura de São Paulo, levou Alves para trabalhar na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Outros cargos de educação são de professor em escolas ou instituições de Ensino Superior nas áreas de Economia e Filosofia.
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