Há dois anos sem pagar a conta de água e com um déficit de R$ 170 milhões no orçamento, a situação da UFRJ será relatada ao ministro da Educação pela nova reitora, Denise Pires, que toma posse na semana que vem
Na próxima segunda-feira (2), quando tomará posse como reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a médica e pesquisadora Denise Pires vai comunicar pessoalmente o ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre a crise por que passa a instituição: já são 24 meses sem pagar a Companhia Estadual de Água e Esgotos (Cedae) e cinco meses de inadimplência com a Light, empresa de energia elétrica do Rio.
É o que informa matéria publicada no jornal Valor Econômico na última segunda-feira (24). A nova reitora herdou um déficit R$ 170 milhões das gestões passadas e ainda terá que enfrentar o contingenciamento de 30% no orçamento discricionário imposto pelo governo. Na prática, este corte significa R$ 114 milhões a menos para pagar as contas de água, luz e os serviços terceirizados como limpeza, segurança, transporte e alimentação para 60 mil alunos.
A nova reitora acredita na boa relação com o secretariado do Ministério da Educação (MEC) para reverter a execução integral do contingenciamento previsto. “Minha estratégia é dizer que ele (Weintraub) não vai ser o ministro que fechou a UFRJ nos cem anos da universidade, a mais antiga deste país. Ele não vai fazer isso”, afirma.
Um indicativo dessa boa relação, aponta, foi o empenho de uma verba de R$ 26 milhões pelo MEC, há pouco mais de uma semana, após apelos ao secretário de Ensino Superior, Arnaldo Lima Júnior, e seus assessores. Esse recurso, contudo, praticamente esgota o orçamento deste ano e “se cortarem a partir de julho, não teremos mais como pagar as empresas”, diz Denise.
A primeira medida à frente da reitoria será renegociar as dívidas com as fornecedoras de água e luz. No caso da Light, Denise pretende negociar a dívida com o fato de a empresa manter uma subestação dentro da Cidade Universitária sem pagar aluguel.
Além da revisão das despesas, a nova reitora pretende obter novas receitas, principalmente com a concessão de terrenos da UFRJ – medida prevista em projeto da gestão passada em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os termos da concessão serão divulgados apenas no mês que vem, mas a ideia é que a cessão tenha prazo de 50 anos mediante contrapartidas. “A galinha dos ovos de ouro será a concessão de mais de 430 mil metros quadrados da universidade, em diferentes partes do Rio”, destaca o Valor.
O reajuste de aluguéis de áreas ocupadas por empresas privadas, medida já adotada pela atual reitoria, também é uma fonte de recursos que terá continuidade, antecipa Denise Pires. O Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), por exemplo, pagava aluguel de R$ 4 milhões pelos terrenos ocupados no câmpus e, recentemente, passou a pagar R$ 12 milhões.
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