Estudo de equipe de economistas afirma que, se estivesse em vigor hoje, 57% dos homens não estariam aposentados
Um estudo de uma equipe independente de economistas afirma que, com a introdução da reforma da previdência, a maioria dos homens só conseguiria se aposentar aos 77, e não aos 65, idade mínima proposta pelo governo Jair Bolsonaro (PSL). A equipe é liderada pela professora de economia da UFRJ Denise Gentil, e contou com a contribuição da Associação Nacional de Auditores Fiscais da Previdência Social (Anfip).
O estudo analisou a proposta do relator da reforma na Câmara, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e concluiu que, se a reforma estivesse em vigor hoje, 57% dos homens aposentados ainda estariam trabalhando. Segundo os economistas, o trabalhador só consegue contribuir em média cinco meses por ano.
As contas foram feitas a partir dos dados disponibilizados pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), Anuário Estatístico da Previdência Social, Secretaria da Previdência Social do ministério da Economia e CPI da Previdência.
“Numa conjuntura econômica de baixo nível de emprego, se somarmos as altas taxas de informalidade, com salários e renda menores, a tendência é diminuir ainda mais o número médio de contribuições abaixo de cinco parcelas ao ano. Isso acrescenta ainda mais tempo para que o trabalhador consiga se aposentar”, afirma Denise Gentil em entrevista ao Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Sintrafesc).
Para os economistas, com a retirada da capitalização do texto, o principal problema da reforma é o tempo mínimo de contribuição, que impossibilitaria a aposentadoria de muitos. Outro perigo é a retirada dos direitos previdenciários da Constituição, o que tornaria a alteração futura muito mais fácil, já que não dependeria de PEC e poderia ser aprovada por maioria simples no Congresso.
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V.L.